ButterFly, uma manteiga brasileira, vegana e saudável

À base de cacau, a manteiga ButterFly foi criada por Letícia Filpi (Fotos: Divulgação)

A manteiga ButterFly, da startup brasileira 100% Pura, de Araraquara, no interior de São Paulo, oferece dois grandes diferenciais em comparação à maioria das manteigas industrializadas do mercado brasileiro – é vegana e saudável. Isso mesmo. Baseado em cacau, o produto idealizado pela advogada e empresária vegana Letícia Filpi tem conquistado cada vez mais os consumidores brasileiros. Prova disso é que hoje é possível encontrar a ButterFly em vários estados e regiões do Brasil, o que confirma a qualidade do produto. Além disso, como a manteiga é vegana, há um compromisso ético envolvendo todas as etapas de produção – desde a seleção da matéria-prima até a comercialização do produto. Para conhecer a história da ButterFly, a VEGAZETA entrevistou a empresária Letícia Filpi, que aperfeiçoou uma receita caseira e a transformou em um produto que hoje está na mesa de milhares de brasileiros. Confira:

Letícia, como surgiu a ideia de criar uma manteiga sem qualquer ingrediente de origem animal e baseada em cacau?

A ideia surgiu quando visitei uma fábrica de chocolates de um produtor de cacau baiano e conheci a manteiga de cacau in natura. Daí comprei 25 quilos e comecei a pesquisar o produto para ver o que poderia ser feito com aquela matéria-prima. Comecei a vendar as barras de manteiga de cacau pura em feiras veganas e, depois de uma sugestão do Rama, que organizava a Vegnice, passei a fazer experiencias culinárias em casa com o objetivo de criar uma manteiga que fosse semelhante à manteiga comum, só que sem leite. Eu já era vegana e sentia falta do pão na chapa. Depois de dois meses, cheguei na fórmula ideal.

Quem mais está com você nessa iniciativa?  

Na verdade, ninguém. Tive muitos apoiadores, mas comecei e estou sozinha nesse empreendimento.

Tem alguma relação com alguma receita caseira que você criou, o resultado foi positivo e a partir daí surgiu uma oportunidade? 

Sim, a receita da ButterFly é totalmente caseira, foi feita a partir de erros, acertos e intuição, mas ainda era algo bem despretensioso. Quando cheguei a uma fórmula que considerei ideal, levei para vender na Vegnice [em São Paulo]. Isso foi em meados de 2016, no festival indiano. O produto não tinha nem nome e eu vendia em copinhos. Mas fez bastante sucesso, o resultado foi bem positivo.

Por que exatamente de cacau? Havia alguma demanda não apenas por uma manteiga saudável e de origem vegetal, mas baseada especificamente em cacau?

Então, na verdade, eu nem sabia se havia demanda. Me apaixonei pela manteiga de cacau e vi que essa matéria-prima tinha muito potencial. Fiz várias experiencias antes da manteiga. Fiz cosméticos caseiros, vendi a barra pura, enfim, fui experimentando até que surgiu a ideia de fazer manteiga. Mas foi tudo sem pretensão. Na época eu ainda exercia a advocacia, então fiz essas experiencias com bastante calma e sem pressa. O fato foi que realmente me encantei pelo cacau.

Com relação à textura e ao sabor, imagino que como tenha surgido uma boa demanda para comercialização, isso significa que ela substitui muito bem a manteiga baseada em leite. É isso mesmo? 

Sim, A ButterFly substitui muito bem a manteiga de leite porque a textura e o sabor são bem parecidos. É boa tanto para passar no pão quanto para utilização em receitas culinárias.

Li que a ButterFly é naturalmente rica em antioxidantes naturais, ômega 3 e ácidos graxos essenciais. Foi difícil desenvolver uma manteiga sem aditivos químicos como espessantes, goma, estabilizantes e conservantes? Acredito que um fator interessante também é a baixa concentração de sódio para quem segue dietas restritivas. 

Ela tem todas essas características nutricionais porque a matéria-prima é cacau, que é um dos frutos mais ricos da natureza em termos de antioxidantes, ácidos graxos essenciais, vitamina E e flavonoides. Foi difícil, sim, foram dois meses de bastante pesquisa e experimentações. A manteiga de cacau possui muitas variantes, muda muito de acordo com o clima e a safra do cacau. Até hoje o processo de fabricação da ButterFly é bastante complexo por ser um produto sem químicos, o que nos obriga a seguir as regras e o tempo da natureza. No inverno, fazemos de um jeito, no verão, de outro. Nossa fabricação segue os padrões naturais da matéria-prima. Sim, a baixa concentração de sódio é um bom fator também. Colocamos um pouco de sal para ressaltar o sabor, mas não chega a ser uma quantidade nociva para a saúde.

A marca é da empresa 100% Pura, instalada na Incubadora de Empresas de Araraquara, no Distrito Industrial? 

A 100% Pura foi criada depois da invenção da manteiga, com o objetivo de colocar no mercado outros produtos veganos produzidos com cacau. A incubadora de empresas nos acolheu no final de 2016.

No ano passado, vocês produziam 700 potes de 160 gramas por mês. Houve um bom crescimento de lá pra cá? 

Sim, houve um bom crescimento, o mercado está muito aberto para esse tipo de produto. Os consumidores ficam aliviados em comprar produtos que, além de saudáveis, são éticos com os animais e com a natureza.

Há possibilidades de vocês lançarem novas opções de produtos para veganos? 

Sim, já lançamos o ChocoBear 70% Cacau, que é um chocolate criado aqui na fábrica e segue o mesmo conceito da ButterFly – é natural, saudável e vegano. Agora vamos lançar o CrocChoc, outro tipo de chocolate e temos planos de aumentar a linha de manteigas veganas.

Em 2017, a manteiga ButterFly já era comercializada em São Paulo, Campinas, Limeira, Americana, Brasília e Curitiba. Há novidades em relação a novos pontos de venda? 

Sim, estamos no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e começamos a expandir para o Nordeste e outras regiões do interior de São Paulo – como Batatais, Ribeirão Preto, Ituverava, São João da Vista, entre outras cidades.

Como tem sido a divulgação do produto? A ButterFly tem circulado por feiras, eventos? 

Fazemos a divulgação, principalmente por meio das redes sociais [Facebook e Instagram]. Temos a mailing list e participamos de feiras e eventos.

Alguma dica específica de uso da manteiga vegana? 

A manteiga vegana pode ser usada exatamente como a manteiga comum. É excelente para receitas como bolos, refogados, pães. Enfim, todas as receitas que levam manteiga ou margarina.

Como você analisa o mercado de produtos para veganos no Brasil hoje? 

Sem dúvida, é um mercado que está se consolidando de forma muito segura porque, primeiro não decorre da superficialidade de um movimento de moda, já que existe toda uma filosofia de ética e pacifismo que embasam esse consumo. Então, seja no vestuário, entretenimento, alimentação, etc, quanto mais consciente é o indivíduo, mais ele se aproximará dos produtos veganos. É uma questão de abertura de consciência. O produto vegano atende essa demanda mais consciente, principalmente se o dono da empresa também for vegano. Porque assim ele vai entender melhor seus consumidores e enxergar o mercado não como um nicho, mas como uma oportunidade de melhorar a nossa relação com os animais e com o planeta. No caso dos produtos alimentícios, existe mais uma vantagem, que é o fato das pessoas sentirem no dia a dia os benefícios de uma dieta baseada em vegetais. Isso faz com que se interessem mais pelo assunto e optem por consumir menos produtos de origem animal.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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