23 documentários para fazer você considerar o veganismo

A VEGAZETA criou uma lista de 23 documentários que podem motivar qualquer um a considerar o veganismo. As sugestões vão desde filmes que revelam os bastidores da exploração e consumo de animais até o impacto desses hábitos no meio ambiente, assim como os benefícios que uma boa alimentação sem nada de origem animal pode proporcionar em nossas vidas. Além disso, são filmes com variados tempos de duração – de curtas a longas-metragens.

Earthlings (Terráqueos)

Lançado em 2005, “Terráqueos – Faça a Conexão”, é um documentário escrito, dirigido e produzido pelo ambientalista estadunidense Shaun Monson que mostra até que ponto a humanidade chegou em relação à exploração animal.

Pesado e chocante, o filme apresenta a realidade nua e crua por trás da produção de carnes, laticínios, roupas e calçados. Também traz informações e imagens impactantes sobre espécies usadas como entretenimento e cobaias em laboratórios farmacêuticos e da indústria da beleza.

Cowspiracy – O Segredo da Sustentabilidade

Lançado em 2014, “Cowspiracy – O Segredo da Sustentabilidade” é um documentário de Kip Andersen e Keegan Kuhn que mostra de que forma a pecuária tem contribuído com o aquecimento global, inclusive sendo apontada como a principal responsável pela destruição da Amazônia.

Segundo Cowspiracy, enquanto um vegano requer 0,6 hectare de terra por ano para se alimentar, um ovolactovegetariano precisa do triplo e uma pessoa com dieta onívora necessita de uma área 18 vezes maior que essa.

Isto porque pode-se produzir 16 mil quilos de vegetais em 0,6 hectare e apenas 170 quilos de carne na mesma área. Uma “dieta vegana” também produz a metade de CO2 [dióxido de carbono] de uma dieta [tipicamente] onívora. E ainda gasta só 9% de combustíveis fósseis, 8% de água e 5% do solo.

Dominion

Lançado em 2018, o documentário “Dominion”, que tem aproximadamente duas horas de duração, explora seis facetas primárias da relação humana com os animais – animais de companhia, vida selvagem, pesquisa científica, entretenimento, vestuário e alimentos.

O filme se propõe a questionar a moralidade e a validade do nosso domínio sobre o reino animal. “Dominion”, que conta com produção de Shaun Monson, do documentário “Terráqueos”, conta com imagens bastantes atuais e registradas a partir de investigações e uso de drones.

Todos os recursos arrecadados com o filme são destinados à Aussie Farms, organização em defesa dos direitos animais que se dedica a expor a crueldade da agricultura animal.

Glass Walls (Paredes de Vidro)

“Se os matadouros tivessem paredes de vidro, todos seriam vegetarianos” se tornou uma das citações mais populares entre vegetarianos e veganos desde 2009. A frase foi dita pelo compositor britânico Paul McCartney no documentário “Glass Walls” ou “Paredes de Vidro”.

Logo no início, McCartney relata que animais criados para atender a demanda da indústria passam por muitas situações de sofrimento. Exemplo é a realidade de frangos e perus, apontados como os animais que mais sofrem nesse mercado.

Ele narra que não é incomum encontrar aves vivendo amontoadas aos milhares em espaços imundos, convivendo inclusive com os próprios excrementos. Logo no início, McCartney relata que animais criados para atender a demanda da indústria passam por muitas situações de sofrimento. Exemplo é a realidade de frangos e perus, apontados como os animais que mais sofrem nesse mercado.

Speciesism (Especismo)

Embora especistas sejam popularmente conhecidos como pessoas que convivem com animais domésticos, mas se alimentam de outros animais, de acordo com o documentário “Speciesism”, lançado por Mark Devries em 2013, há um consenso mais criterioso entre pesquisadores, biólogos, filósofos, professores de direito, advogados e escritores que defendem os direitos dos animais.

Eles apontam que especismo é toda e qualquer forma de exclusão baseada na espécie, quando outros seres são privados de fazerem parte de uma comunidade moral.“Quando você pega essa ideia de que eu posso fazer isso com você, então vou fazê-lo, o auge dessa forma de superioridade, ‘um tipo de racismo’, é o especismo”, afirma Bruce Friedrich, do documentário “Meet Your Meat”, que já foi visto por milhões de pessoas desde 2002.

De acordo com o famoso biólogo evolutivo Richard Dawkins, professor da Universidade Oxford, a maneira como damos tratamento especial aos humanos em relação ao aborto é uma reafirmação do especismo. “Muitas pessoas pensam que é assassinato abortar um feto humano, e esse pensamento dificilmente é partilhado quando falamos em matar vacas.”

https://www.youtube.com/watch?v=w8FEl3wrQGY

The Game Changers (Dieta de Gladiadores)

O documentário “The Game Changers”, lançado no Brasil como “Dieta de Gladiadores”, contrapõe estereótipos sobre a fisicalidade e performance dos veganos, e defende que quem não consome nada de origem animal pode se destacar em modalidades esportivas de alta performance.

Participam do filme o ex-fisiculturista e ator Arnold Schwarzenegger e atletas como o levantador de pesos alemão Patrik Baboumian, o piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton, o maratonista Scott Jurek e o halterofilista olímpico Kendrick Farris, entre outros atletas de diversas modalidades.

Outro diferencial de “The Game Changers” é a participação do ex-fisiculturista, ator e ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger, que declara seu apoio ao veganismo e fala sobre o seu empenho para se afastar dos alimentos de origem animal.

O filme tem direção de Louie Psihoyos, que venceu o Oscar em 2009 com o filme “The Cove”, e produção do cineasta vegano James Cameron, que produziu e dirigiu filmes como “O Exterminador do Futuro”, “Titanic” e “Avatar”.

Planet Vegan

A série documental “Planet Vegan” aborda a expansão do veganismo em mais de dez países – incluindo Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Suíça, Holanda, Canadá, Portugal, Espanha e Noruega.

De acordo com o diretor James Hoot, eles passaram um ano viajando e documentando eventos, conhecendo empreendimentos veganos e se aprofundando no trabalho de alguns ativistas dos direitos animais.

“Essa jornada levou a equipe a ver que o movimento vegano não é algo isolado, mas sim um movimento mundial que está se consolidando em um momento crucial da história da humanidade”, enfatiza.

A série documental trata de vários aspectos do movimento vegano. Cada episódio traz um tema específico – como ativismo, saúde, mercado e eventos; além de atletas e outros exemplos de pessoas que de alguma forma estão fazendo a diferença no meio vegano.

Entre os participantes da série estão Rich Roll, James Aspey, Ethan Brown, Tia Blanco, Michael Greger, Lisa Lange, Anita Krajnc, Earthling Ed, Matt Rice, Leah Doellinger, Neal Barnard, Sebastian Joy, Seb Alex e Dominika Piasecka.

The End of Meat (O Fim da Carne)

O documentário alemão “The End of Meat” ou “O Fim da Carne” discute um futuro sem carne sob diversas perspectivas. O filme é dirigido e produzido por Marc Pierschel, que também dirigiu o documentário vegano “Live and Let Live”, ou “Viva e Deixe Viver”.

“Embora as evidências do impacto negativo do consumo de carne no planeta e na saúde humana continuem se acumulando à medida que o bem-estar animal está em declínio, o caso de amor da humanidade com hambúrgueres, bifes, nuggets e costeletas simplesmente não termina”, informa o documentário.

Partindo dessa reflexão, ambientada na Alemanha da bratwurst e da schnitzel, que Pierschel mostra que, embora o mundo não seja vegano, as transformações estão acontecendo. Cada vez mais pessoas estão abraçando a redução ou a completa abstenção do consumo de alimentos de origem animal. Nessa esteira, a Alemanha é um exemplo, considerando que, em resposta à demanda, hoje é o país que mais lança produtos veganos.

“As preocupações com a saúde e os escândalos da carne levaram a um debate público sobre as implicações éticas do consumo de carne e o aumento das dietas baseadas em vegetais. Os produtores de carne lançaram seus próprios produtos veganos. Hoje temos supermercados veganos e quase todos os fabricantes de alimentos estão adicionando e rotulando opções veganas. É esse o começo do fim da carne? Estamos nos aproximando de um ponto de virada no relacionamento humano-animal?”, questiona Marc Pierschel.

Em “The End of Meat”, Pierschel apresenta um breve relato da história do movimento vegano na Alemanha, visita a primeira cidade vegetariana da Índia, conhece a famosa porca Esther e levanta questões sobre o futuro dos animais na sociedade. Filme está disponível para compra ou aluguel no Vimeo. 

Sem carne, por favor!

“Sem carne, Por Favor!” é um documentário de média-metragem lançado pela TV Assembleia de Roraima. O filme aborda vegetarianismo e veganismo e suas diferenças, e destaca que ser vegano está muito além de uma opção alimentar.

No decorrer das filmagens de “Sem Carne, Por Favor!”, que tem duração de 28 minutos, o jornalista Johann Barbosa, diretor do documentário, se surpreendeu com a profundidade do veganismo, e também com a grande diversidade de pratos que podem ser recriados sem ingredientes de origem animal.

Eating Animals (Comer Animais)

O terceiro livro de Jonathan Safran Foer, “Eating Animals”, de 2009, que foi lançado no Brasil com o título “Comer Animais”, foi transformado em um documentário e lançado em 2018. O filme tem direção e roteiro de Christopher Dillon Quinn e narração da atriz Natalie Portman.

Definido pela equipe de produção como “a história do início do fim da produção industrial”, o documentário começa com a seguinte pergunta: “De onde vêm os nossos ovos, laticínios e carnes? “Comer Animais” apresenta argumentos contra a pecuária industrial e mostra imagens em que os animais são criados em pequenas, médias e grandes propriedades.

Embora seja aberto a diferentes perspectivas, o documentário é apontado como complacente com pequenos criadores de animais, já que a crítica se volta especificamente para a realidade da criação de animais em regime industrial, o que pode soar um tanto quanto problemático para quem defende o abolicionismo animal, não o reducionismo ou bem-estarismo.

“Comer Animais” enfatiza que apenas 1% dos animais criados para consumo na atualidade, pelo menos nos Estados Unidos, representam uma realidade diferente, “violenta, mas não tanto quanto a industrial”. Porém denuncia que os outros 99% estão inseridos em uma realidade de confinamento que pode ser descrita como o “holocausto animal”.

Football Going Vegan

Lançado pela BBC, o documentário “Football Going Vegan” discute o crescimento do veganismo no futebol. Embora nem todos os participantes da obra tenham optado por se abster do consumo de animais em primeiro lugar por uma questão ética, há exemplos de jogadores que se posicionam como defensores dos direitos animais – como é o caso do zagueiro inglês Chris Smalling, do Manchester United, que atualmente está emprestado para o Roma, da Itália.

“Com tantos esportistas adotando uma dieta baseada em vegetais, viajamos com o ex-jogador de futebol inglês Jermaine Jenas enquanto ele se aprofunda no assunto um tanto controverso”, informa a BBC em referência ao protagonista do documentário que decide começar a sua transição para o veganismo.

Em “Football Going Vegan”, Jenas conhece aquele que é considerado o primeiro time de futebol vegano do mundo – o Forest Green Rovers, fundado por Dale Vince, um investidor do ramo de energias alternativas.

Jermaine Jenas também discute sobre o assunto com o ativista vegano Ed Winters, mais conhecido como Earthling Ed, e conversa com nutricionistas e chefs que se tornaram referência em auxiliar e colaborar com veganos e pessoas que simplesmente adotaram uma dieta à base de vegetais.

The Last Pig

O documentário “The Last Pig”, de Allison Argo, conta a história do pecuarista estadunidense Bob Comis, que abandonou a criação de animais para consumo. O título do filme é uma referência ao último porco que Comis enviou para o abate – uma experiência que, segundo ele, vai ficar marcada para sempre em sua memória.

A obra, que tem um caráter lírico e filosófico, apresenta os conflitos de um homem imerso na realidade da exploração animal, que chega a um ponto de sua vida em que criar animais para enviá-los ao abate deixa de ser uma opção e apenas um negócio. Na realidade, se torna um pesadelo em que a mercantilização da vida passa a ser encarada como um terror por quem já não vê nada além de violência e culpa na própria atividade profissional.

Em um de seus relatos sobre a sua experiência como criador de porcos, Bob Comis se recorda de um dia em que antes das nove horas, no momento em que estava saindo para remover a neve para alimentar e hidratar os “porcos felizes”, os dez porcos que ele deixou no dia anterior no matadouro já haviam sido baleados na cabeça com uma pistola pneumática.

“Então uma faca excepcionalmente afiada foi mergulhada em seus corações palpitantes, de forma a fazer toda a sua vida se esvair com o sangue que percorre suas veias e artérias, criando uma densa e dispersa camada vermelha carmesim no chão de concreto cinzento do matadouro”, narra.

Bob Comis diz que é assombrado pelos milhares de animais que enviou para a morte, e que mesmo tendo desistido dessa vida, a realidade pregressa não se desvanece. “Há um mês, tive a minha última crise de consciência, em uma década de crises de consciência mais ou menos intensas. Tendo abandonado o último vestígio do que parecia ser a justificativa legítima, baseada na felicidade e na rápida morte indolor, me tornei vegetariano”, confidencia.

Sob a Pata do Boi

Dirigido por Marcio Isensee e Sá, “Sob a Pata do Boi” é um documentário brasileiro de média-metragem que mostra o impacto da pecuária no desmatamento da Amazônia. De acordo com informações do filme, a Amazônia tem pelo menos 85 milhões de cabeças de gado, três para cada habitante humano. Entre alguns temas abordados pelo documentário estão “o boi clandestino”, “invasão biológica”, “indústria da carne” e “bancada ruralista”.

A obra informa que na década de 1970 a floresta estava intacta e a quantidade de gado equivalia a um décimo do rebanho da atualidade. Hoje encontramos uma área que pode ser comparada à extensão territorial da França desmatada. Desse total, 66% transformada em pasto.

“Sob a Pata do Boi” revela que essa transformação no cenário amazônico foi incentivada por políticos que motivaram a chegada de milhares de fazendeiros de outras partes do país. “A pecuária tornou-se bandeira econômica e cultural da Amazônia, no processo, elegendo poderosos políticos para defender a atividade”, denuncia.

73 Cows

Premiado em fevereiro no BAFTA, na Inglaterra, o documentário de curta-metragem “73 Cows”, de Alex Lockwood, conta a história de Jay Wilde, um fazendeiro de Derbyshire que atuava no ramo de produção de leite e carne.

Um dia, incomodado com a ideia de ter que enviar as vacas para o matadouro, já que esse é o destino comum quando cai a produção de leite, Wilde decidiu mudar a sua vida e a dos animais que viviam em sua propriedade.

Em vez de enviá-las para a morte, Wilde as encaminhou para um santuário, iniciando uma nova jornada de respeito e compaixão pelos animais. No filme com duração de 15 minutos, Wilde rompe uma tradição familiar e passa a investir na produção orgânica de vegetais com o apoio da organização The Vegan Society.

https://www.youtube.com/watch?v=iJWfXTAXwMI

M6NTHS

O premiado documentário holandês de curta-metragem “M6NTHS”, de Eline Helena Schellekens, conta a história de um leitão criado para consumo. Sem narração, no filme com 12 minutos de duração a intenção de Eline é se aproximar do ponto de vista do leitão.

A idealizadora oferece uma perspectiva única e sensível sobre a vida dos animais que passam suas curtas vidas em confinamento até serem mortos e reduzidos a bacon e pedaços de carne.

No ano passado, o filme foi premiado no Panda Awards, conhecido como o “Oscar” dos filmes sobre a vida selvagem. “A cada ano, cerca de 10 milhões de porcas e leitões são criados em confinamento só no Reino Unido e na União Europeia”, lamenta Eline Schellekens.

Hogwood – Uma História Moderna de Terror

O documentário “Hogwood – Uma História Moderna de Terror”, narrado pelo ator Jerome Flynn, mais conhecido pelo papel de Bronn em Game of Thrones, expõe a crueldade na criação de porcos para consumo. O filme tem como ponto de partida investigações envolvendo crueldade animal realizadas na Hogwood Pig Farm, uma grande fazenda de porcos sediada em Warwickshire, na região central da Inglaterra, que abastece grandes redes de supermercados.

Sobre a sua participação no documentário produzido no Reino Unido pela organização Viva!, Jerome Flynn declarou que é importante se posicionar contra a crueldade animal. “Os porcos da Hogwood não são apenas produtos à base de carne, são seres sensíveis e emocionalmente conscientes como nós, e eles merecem mais do que isso”, declarou o ator que não se alimenta de animais.

“Documentários como este têm o poder de iniciar diálogos, mudar hábitos e criar mudanças reais. Foi por isso que ‘Hogwood: Uma História Moderna de Terror’ precisou ser feito. A história da Hogwood Farm já conquistou muitos corações e mentes; o próximo passo é levar nossa mensagem às massas: é hora de conectar os pontos entre agricultura industrial, destruição ambiental, abuso de animais e nossas mais urgentes crises globais de saúde.”

Carne: Uma Ameaça ao Nosso Planeta?

Este ano a BBC também lançou o documentário “Meat: A Threat to Our Planet?” ou “Carne: Uma Ameaça ao Nosso Planeta?”, que discute o impacto da produção e do consumo de carne no mundo.

Para abordar o assunto, a bióloga e consumidora de carne Liz Bonnin começa sua jornada no Texas (EUA), onde visita uma fazenda onde 50 mil bovinos são criados em regime intensivo – cenário que deve se tornar cada vez mais comum, considerando que a previsão é de que se não mudarmos nossos hábitos teremos um consumo global de carne 50% maior do que o atual nas próximas décadas.

Em uma das fazendas visitadas por Liz, ela descobre que os bovinos emitem grandes quantidades de metano, um gás incrivelmente potente e que contribui com o efeito estufa e com as mudanças climáticas.

Depois ela viaja para a Carolina do Norte, onde investiga o impacto ambiental de milhões de toneladas de resíduos liberados por animais criados para consumo. Segundo o documentário da BBC, no mundo todo a criação de animais gera três bilhões de toneladas de esterco por ano, e que acabam poluindo a terra, a água, destruindo a biodiversidade e ampliando as “zonas mortas” oceânicas, onde a vida marinha já é inexistente.

Liz Bonnin também vem ao Brasil, lar do maior rebanho bovino do mundo. Na Amazônia, ela descobre que 20% da floresta foi destruída e que a pecuária é a principal causa desse desmatamento. “Agora estamos perdendo dois campos de futebol por minuto e devastando a vida selvagem da região.”

O documentário destaca ainda que a carne afeta a vida nos oceanos, já que em países como a África do Sul, anchovas e sardinhas são capturadas e transformadas em farinha para alimentar o gado. Essa crise ambiental é suficiente para impedir o mundo de comer carne? Quando Liz testemunha uma galinha sendo morta para o jantar, ela se força a reavaliar sua própria atitude em relação à carne e questiona o que todos podemos fazer para salvar o planeta.

For The Birds

“For the Birds”, de Richard Miron, conta a história de Kathy, que tem uma relação de amor e respeito com patos, galinhas, gansos e perus, entre galináceos de outras espécies – resgatados de situações de maus-tratos e matadouros.

Ela é responsável por 200 aves e colocou em risco até mesmo o próprio casamento pelo seu trabalho em prol dos animais. Essa é uma das facetas exploradas por Miron, que destaca também como o universo da defesa animal está longe de ser simples como muita gente imagina.

O que começa como uma história sobre a batalha de Kathy contra outros grupos de defesa animal, se transforma lentamente em um drama íntimo sobre os custos do seu amor e compaixão pelos animais. Ela é obrigada a lidar com as mais diferentes lutas.

“Nós os amamos, comemos, os resgatamos, os confinamos – as contradições continuam. Já vi muitos documentários sobre direitos animais, mas havia uma determinada e sutil realidade que senti que eu não estava vendo na tela. Então comecei a fazer um filme que explorasse as morais áreas turvas da forma como tratamos os animais”, justifica o cineasta.

Além do olhar sobre a questão animalista e vegana, em “For the Birds”, Richard Miron quis voltar a sua atenção para a fundamentação e consequência das escolhas humanas quando se voltam mais para os seres não humanos.

 

Não Matarás (Texto de Júlia Carvalho)

Os testes em animais, muitas vezes utilizados para que produtos como cosméticos e remédios cheguem ao mercado, estão sendo cada vez mais contestados. Esse é o tema do documentário “Não Matarás: Os Animais Nos Bastidores da Ciência”, de 65 minutos, que foi produzido em 2005 pelo Instituto Nina Rosa e reúne depoimentos de pessoas das mais diversas profissões: pesquisadoras, filósofas, biólogas, médicas, alunas e professoras de ciências médicas. É um filme bastante informativo e importante para conscientizar o público a respeito dos testes e, por extensão, a respeito da ética vegana.

O documentário é dividido em duas partes: o uso de animais no ensino e o uso de animais na pesquisa. A primeira parte mostra que os animais não-humanos são utilizados em faculdades de biologia, veterinária, medicina e ciências biológicas no geral para demonstrar determinados conhecimentos. Eles são cortados vivos e sacrificados ao final do procedimento, uma demonstração que é desnecessária e que poderia ser substituída por vídeos e simulações 3D, dentre outros recursos audiovisuais, que seriam mais eficientes para ilustrar tais conhecimentos.

A segunda parte mostra os testes que estão por trás de produtos que utilizamos no dia a dia, como cosméticos, produtos de limpeza, medicamentos e até mesmo conservantes presentes nos alimentos, e como estes testes são dolorosos e degradantes para os animais. Mostra ainda que existe um sistema que lucra com esse tipo de experimentação, e que muitas vezes, os resultados dos testes não são aplicáveis ao ser humano.

Maximum Tolerated Dose (MTD)

Lançado em 2012, o documentário canadense “Maximum Tolerated Dose” ou simplesmente “MTD” continua sendo uma importante referência para quem quer conhecer a realidade dos testes em animais. Dirigido por Karol Orzechowski, e que conta com a participação da fotojornalista Jo-Anne McArthur, o título do filme é uma alusão a um termo bastante comum quando se fala em experimentação animal. Ou seja, a dose máxima tolerada é aquela em que uma alta dose de uma substância química é administrada a um grupo de indivíduos sem provocar a morte, pelo menos não em curto prazo.

Mas para chegar a MTD, que é uma baliza de segurança para consumo humano, animais humanos e não humanos são sujeitados a testes. Mas os não humanos figuram como as maiores vítimas. A organização Pessoas Pelo Tratamento Ético dos Animais (PETA) fala em mais de 100 milhões de vítimas não humanas por ano. A Cruelty Free International fala em mais de 115 milhões. Já a organização ProCon diz que só nos Estados Unidos são 26 milhões.

O documentário, que se destaca também pela lisura fotográfica, mostra imagens reais de testes em animais, inclusive de investigações. Somos convidados a conhecer a vida de humanos e não humanos que participam dessas experiências. Além de um olhar sobre a realidade das vítimas, há também testemunhos de cientistas e técnicos de laboratório. “MTD pretende reacender o debate sobre testes em animais, trazendo perspectivas raramente ouvidas”, informa a realizadora Karol Orzechowski.

The Farm in My Backyard

“The Farm in My Backyard” tem como mote a realidade da Nova Escócia, no Canadá, onde quem atua no mercado de peles se recusa a migrar para outra atividade. E para piorar, a prática tem o apoio do governo da província.

Desde 2009, a fotojornalista Jo-Anne McArthur expõe a violência que envolve esse mercado, e deixa claro que a melhor forma de desestimulá-lo é não comprando produtos baseados em peles de animais e também se posicionando claramente contra a prática.

Embora vários países e estados estejam banindo a criação de animais com essa finalidade, assim como grifes estão abdicando do uso de peles, a Nova Escócia parece que parou no tempo, segundo o documentário. Por isso o documentário do projeto We Animals tem um caráter de denúncia sobre as vis conveniências humanas.

Test Subjects

O documentário “Test Subjects”, sobre a realidade dos testes em animais e também lançado este ano está disponível no Vimeo para quem quiser assistir online. A obra é dirigida por Alex Lockwood, vencedor do BAFTA na categoria melhor curta-metragem com o filme “73 Cows”, que conta a história de um ex-pecuarista que decide se tornar vegetariano.

O filme parte da realidade de três pesquisadoras que decidiram se dedicar à ciência, na busca por fazer uma real diferença na saúde humana. Frances, Emily e Amy acreditavam que os testes em animais eram uma parte necessária de suas pesquisas, até que lentamente começaram a questionar a validade da prática.

“Com o filme ‘Test Subjects’, explorei histórias de cientistas que tiveram experiências de testes em animais em primeira mão e que agora querem falar e compartilhar suas histórias”, informa Lockwood.

Segundo o cineasta, embora os testes em animais ainda sejam amplamente aceitos e reconhecidos como “um mal necessário”, isso pode estar bem distante da realidade.

“Espero que esse filme ajude a desafiar essa crença e lance luz sobre o fato de que testes em animais são predominantemente ineficazes quando se trata da saúde humana”, frisa.

The Animal People

O documentário “The Animal People”, conta a história de seis ativistas que lideraram nos Estados Unidos a campanha internacional em defesa dos direitos animais Stop Huntingdon Animal Cruelty (Shac), e que por isso passaram a ser vistos como uma ameaça pelo FBI, inclusive sendo colocados sob vigilância e indiciados como terroristas domésticos.

O filme com produção executiva do ator vegano Joaquin Phoenix é produzido por Jorja Fox (CSI) e dirigido por Cassandra Suchan (Rock The Bells) e Dennis Henry Hennelly (Bold Native). A obra mostra que os ativistas passaram a ser classificados como ameaça terrorista por combater práticas de uma corporação que realiza testes em animais – a Huntingdon Life Sciences – que tem laboratórios no Reino Unido, Estados Unidos e Japão.

“The Animal People” aponta que o FBI foi utilizado para defender interesses corporativistas em detrimento de interesses públicos, e que o caso da Huntingdon serviu como modelo para atacar outros movimentos como o Occuppy Wall Street e Black Lives Matter, assim interferindo na liberdade de expressão dos cidadãos dos EUA.

“Este filme é muito mais do que apenas este caso. Trata-se de questões fundamentais sobre liberdade de expressão, transformação social e poder corporativo, que nunca foram tão urgentemente discutíveis em nosso mundo”, declarou Joaquin Phoenix em divulgação do documentário. “The Animal People” é resultado de 15 anos de produção e traz entrevistas com cada um dos principais ativistas da campanha, além de imagens raras, inclusive de gravações secretas feitas pelo FBI, assim como registros de escutas telefônicas e documentos do governo.

“The Animal People é um retrato arrepiante do que acontece quando o ativismo sacode as instituições de poder”, informa a produção do filme. Ainda não há previsão de quando a obra será disponibilizada nas plataformas digitais.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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