Animais como mercadorias nunca são sobreviventes

Um caminhão que carregava porcos tomba, deixando vivos e mortos na estrada. Quem morre não é pensado como vida perdida, mas sim mercadoria que não poderá ser vendida.

Alguns são descarnados perto dali, outros são levados para outro lugar. Há sangue no asfalto, feridas na cabeça, desnorteamento. O estado de perdição do porco favorece a esfola.

Está atordoado. Em uma escala de consideração, onde está o porco? Veículos passam, pessoas olham. Para o porco, é melhor estar morto ou sobreviver, que é só forma adiada de morrer?

Horas depois, quem vivia, já não vive, e anula-se a diferença sobre o que antes foi chamado de sobrevivência. Há somente corpos caídos, ou pedaços deles, que já desapareceram, ou ainda não.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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