A artista estadunidense Michelle Waters iniciou sua produção em defesa dos animais em 2000. De lá pra cá, lançou pinturas e outras obras que visam estimular reflexões sobre a maneira arbitrária como outras espécies são tratadas em nosso benefício, o que inclui o endosso à naturalização da violência.
Afinal, por conveniência, a humanidade impõe condicionamento, privação e morte a dezenas de bilhões de criaturas sencientes a cada ano, e uma minoria crescente se esforça para chamar a atenção para essa realidade das mais diversas formas.
No caso de Michelle, que nasceu em uma família de artistas em Los Angeles (CA), a arte é o seu meio de conscientização e sensibilização, de expressar preocupação com a degradação do mundo natural e a exploração animal em vários contextos e para diversos fins.
Em uma de suas obras mais conhecidas, ela aponta que todos os animais que subjugamos, independente de espécie e finalidade exploratória, têm em comum um coração, e que deveria ser um órgão a ser considerado em oposição à violência – não importando se a vítima é pequena, grande, terrestre ou aquática.
Na perspectiva da artista, se olharmos para esses animais com atenção, identificando seus estados, emoções e reais anseios, não há como ignorar que o que fazemos com eles é extremamente errado, independente de aceitação social. Afinal, o mal que causamos aos outros, e que traz implicações para suas vidas, não deixa de ser um mal apenas porque não o reconhecemos dessa forma.
Práticas arbitrárias não deveriam ser aceitáveis
Animais criados com fins alimentícios (para produção de carnes, leites, ovos, etc), para experiências em laboratórios e entretenimento são apenas alguns exemplos de práticas aceitáveis em nossa sociedade, mas reprovadas por Michelle Waters por meio de sua arte.
Suas obras nos levam a questionar como causar mal aos animais pode ser validado moralmente. Na realidade, não pode, se partirmos da ponderação de que não há como uma ação ser moral se incorre em um mal desnecessário imposto a outras espécies, e que pode ser evitado se assim o quisermos, se nos empenharmos. Viver sem causar mal aos animais depende apenas do nosso próprio aperfeiçoamento civilizatório.
Por que explorá-los? Por que manter animais em confinamento por todas as suas vidas? É correto submetê-los a situações degradantes? Por que reduzi-los a pedaços de carne se é possível ter saúde sem consumi-la? Por que celebrar datas importantes a partir da violência contra outras espécies? Já não destruímos habitats demais? Quando endossamos tais ações, é comum pensarmos apenas em nossos próprios interesses, em benefícios que não consideram os malefícios que pesam sobre os outros.
Enfim, o que a arte de Michelle Waters nos mostra é que é preciso estender a empatia a outras espécies, entendendo que viver neste mundo com os olhos voltados apenas para nós mesmos, ainda que em consequência de fatores culturais e sociais, é o que limita nossa consciência e sensibilidade em relação à importância da vida.
Acompanhe o trabalho de Michelle Waters: