
Há 121 anos, Topsy, uma elefanta capturada na natureza do sudoeste asiático foi morta por eletrocussão, aos 27 ou 28 anos, nos EUA. A crueldade da execução foi registrada no filme de curta-metragem “Eletrocuting an Elephant”, de 1903, produzido pela Edison Studios, de Thomas Edison, que até hoje tem, de forma controversa, seu nome associado a esse episódio.
Alguns pesquisadores alegam que Edison não teve nenhuma relação com a morte de Topsy. Outros dizem que, mesmo que não tenha se envolvido diretamente com o filme, ele não viu problema na execução do animal.
O filme ganha ressignificação ao longo do tempo, porque se há mais de 120 anos foi lançado para expor uma violência como se fosse um “incomum espetáculo”, hoje o curta é mais um registro da naturalização da crueldade e do que é extremo sobre a permissividade antropocêntrica.
No filme, a elefanta é conduzida como se não fossem causar-lhe nenhum mal, até que amarram suas pernas e a submetem à eletrocussão que a faz agonizar enquanto tenta livrar-se das cordas – até que cai morta. O animal é tratado como se não fosse nada além de um fim no ser humano.
Checando matérias de 1903 publicadas nos EUA na época, várias referem-se a Topsy como uma “elefanta má”. Ou seja, a mídia colaborou para transformar a elefanta em uma vilã para justificar o seu assassinato e a extrema crueldade imposta a ela no circo Forepaugh.
Topsy foi condenada à morte por matar seu treinador que costumava queimá-la com charutos acesos, além de impor outros tipos de violência. Ela também foi vítima de outros dois treinadores que a espetavam com um forcado.
Na divulgação do filme, que teve uma plateia de convidados no dia da execução, além da participação da imprensa, o Edison Studios destacou que “conseguiram um excelente registro da execução”. Somente cem anos depois, em 2003, Topsy recebeu uma homenagem por meio de um memorial em Coney Island, onde foi executada em 1903.
O curta está disponível no YouTube.
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