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Mais de 115 milhões de animais são usados como cobaias

A estimativa pode ser um pouco mais elevada porque nem todos os países coletam e publicam dados referentes ao uso de animais em pesquisas (Fotos: iStock/HSI/Getty)

Você sabia que há uma estimativa de que mais de 115 milhões de animais no mundo todo são usados em experimentos laboratoriais todos os anos? O total pode ser um pouco mais elevado porque nem todos os países coletam e publicam dados referentes ao uso de animais em pesquisas, de acordo com a organização Humane Society International (HSI).

Mais de 12 milhões na União Europeia

Nos Estados Unidos, por exemplo, pássaros, peixes, anfíbios, répteis e invertebrados não entram nessas estatísticas. Nos países da União Europeia, mais de 12 milhões de animais são usados anualmente – com a França, Alemanha e Reino Unido despontando como as nações que mais utilizam animais em pesquisas.

Só as estatísticas britânicas falam em mais de três milhões de animais, sem incluir aqueles criados com essa finalidade, mas que morrem antes de participarem dos experimentos. “Embora esses animais sofram as tensões e privações no ambiente laboratorial, eles não entram nas estatísticas oficiais”, destaca a HSI.

Sofrimento físico e psicológico e desperdício de tempo e recursos

Organizações que fazem oposição ao uso de animais como cobaias apontam que além do sofrimento físico e psicológico imposto aos animais, os testes também consomem muito tempo e recursos, além de restringir o número de substâncias que podem ser testadas. Os experimentos também são criticados por fornecerem uma compreensão muito limitada de como as substâncias químicas se comportam no corpo.

Há apontamentos de que em muitos casos os testes não predizem corretamente “as reações humanas no mundo real”. Por isso cientistas estão questionando cada vez mais a relevância das experiências que visam “modelar” as doenças humanas em laboratório, criando artificialmente sintomas em outras espécies animais.

Experiências com animais impõem grandes limitações científicas

“Espelhar doenças humanas ou toxicidade criando artificialmente sintomas em camundongos, cães ou macacos impõe grandes limitações científicas que não podem ser superadas. Frequentemente, os sintomas e respostas aos tratamentos potenciais observados em outras espécies são diferentes daqueles de pacientes humanos. Como consequência, 9 em cada 10 medicamentos que parecem seguros e eficazes em estudos com animais fracassam quando administrados em seres humanos”, enfatiza a Humane Society International.

Atualmente, entre os recursos disponíveis que podem substituir os testes em animais estão as novas tecnologias que envolvem triagem de alta produtividade, modelos computacionais e chips baseados em cultura de células e tecido humano artificial.

Doenças humanas precisam de tecido humano

No Reino Unido, a Animal Free Research defende que doenças humanas só podem ser examinadas adequadamente usando tecido humano: “Estamos mostrando como a pesquisa que nos ajuda a compreender fundamentalmente a biologia e a doença humana pode e deve ser realizada sem a necessidade de usar animais”, declarou a organização.

Nos Estados Unidos, com a ajuda do Comitê Médico Pela Medicina Responsável, o Instituto Nacional de Saúde (INS) defende a eliminação dos testes em animais e tem declarado que o INS oferece uma rota direta para proteger melhor milhões de vidas humanas e não humanas.

Sistema de mapeamento supera testes em animais

Vale lembrar também que em julho de 2018 cientistas do Centro de Alternativas aos Testes em Animais da Escola de Saúde Pública Bloomberg, da Universidade John Hopkins, de Batilmore, em Maryland, nos Estados Unidos, publicaram um artigo no jornal Toxicological Sciences explicando que eles criaram um sistema de mapeamento de relações entre estruturas químicas e propriedades tóxicas em condições de superar facilmente os testes em animais.

Com esse sistema de inteligência artificial, eles defendem que é possível mapear automaticamente as propriedades tóxicas de qualquer composto químico com muito mais precisão do que os testes em animais. Os cientistas conseguiram obter uma precisão média de 87% nos resultados, o que está muito além dos resultados obtidos nos testes com animais.

Jornalista (MTB: 10612/PR) e mestre em Estudos Culturais (UFMS).

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