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Nossos hábitos alimentares matam bebês

Foto: Anônimos pelos Direitos Animais

A maior vítima terrestre do nosso sistema alimentar não completa dois meses de idade. A segunda maior não ultrapassa seis meses e a terceira não chega aos três anos. Assim são obliterados frangos, suínos e bovinos, os animais terrestres mais abatidos para consumo no Brasil.

Pensando nisso, me recordei da artista Sue Coe afirmando que nossos hábitos alimentares consistem em enviar bebês para a morte. Talvez alguém considere exagerado o uso do termo, mas se ponderamos sobre o que representa a “diversidade etária mínima”, onde está a incoerência?

O termo também coincide com a nossa indústria de ovos que extermina por ano mais de 80 milhões de pintinhos. O número supera a soma de bovinos e suínos mortos por ano, embora esteja distante do total de frangos.

E por que ignorar os bezerros descartados pela pecuária leiteira e aqueles remanejados como subprodutos por uma legislação que nos últimos anos facilitou sua redução à vitela no Brasil?

E os fetos arrancados do útero e abatidos com “instrumento contundente?” E os cordeiros que a chamada “Tecnologia IZ”, desenvolvida em São Paulo, acelerou a idade de abate para três meses?

O consumo humano de proteína animal tem sido baseado não apenas na subtração de viveres, mas também em sua constante aceleração pela imposição de morte no menor tempo.

Há um processo infindo de chegada ao mundo para morrer o mais rápido possível. Isso evoca a velocidade continuísta das violências, porque quanto menor o tempo de vida predeterminado, mais é permitido que outros cheguem, na verdade são chegados, ao mundo para experimentar o mesmo ciclo de violências.

As violências vão aumentando em experiências que diferem de outras épocas, porque enquanto as faixas etárias vão diminuindo, numa escala de transfigurações em que o “mínimo é mais [mortes]”, é intensificado o processo de “nascer para tão logo morrer”.

Podemos nos perguntar como será amanhã e depois, mas existe nisso uma impossibilidade de franqueza se rejeitamos fatores de motivação e sustentação.

Jornalista (MTB: 10612/PR) e mestre em Estudos Culturais (UFMS).

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