PETA: veganismo é a melhor forma de evitar pandemias

Gripe suína, que surgiu em um cenário de exploração de animais para consumo, é outro exemplo de doença zoonótica que atingiu diferentes partes do mundo (Foto: ARNL)

Na semana passada, a diretora da organização internacional Pessoas Pelo Tratamento Ético dos Animais (PETA) do Reino Unido, Elisa Allen, publicou um artigo defendendo que o veganismo é a melhor forma de evitar pandemias como a do novo coronavírus. 

No artigo publicado pela Euronews, ela cita que uma pesquisa da organização EcoHealth Alliance, que trabalha com a prevenção de doenças infecciosas emergentes como a covid-19, revelou que apenas um a cada cinco entrevistados sabia que a maioria das pandemias é de origem animal não humana.

Covid-19 e semelhanças com gripe aviária e suína

“Acredita-se que o surto de covid-19 tenha se originado em um mercado chinês que vendia animais marinhos, aves vivas e animais exóticos para consumo humano. Assim como a gripe suína, a gripe aviária e a sars (que também foi causada por um coronavírus ligado a um mercado chinês), a covid-19 se espalhou de animais para humanos, começando por aqueles que trabalhavam ou frequentavam o mercado. Os cientistas suspeitam que eles contraíram o vírus comendo ou tocando um animal infectado.”

Elisa defende que essa já é uma boa razão para que todos sejamos veganos. “Já é ruim o suficiente que o consumo de carne e outros alimentos de origem animal contribua com doenças cardíacas, diabetes e câncer, e que bactérias nocivas encontradas no intestino e nas fezes dos animais, incluindo salmonela e E. coli, muitas vezes causem surtos de intoxicação alimentar. Realmente queremos adicionar mais doenças mortais de origem animal à mistura?”

Como fazemos emergir doenças zoonóticas

A diretora da PETA UK enfatiza que hoje não é incomum que vírus e outros patógenos pulem de animais para humanos, e cita como referência dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC em inglês), que aponta que 75% das doenças infecciosas emergentes são originárias de animais não humanos.

Kevin Olival, ecologista e conservacionista de doenças da EcoHealth Alliance, diz: “Quando você reúne animais em situações não naturais, você corre o risco de fazer emergir doenças humanas.”

Em outras palavras, Elisa conclui que muitos surtos devastadores de doenças ocorrem porque os seres humanos abrigam animais em fazendas e em mercados em más condições de higiene e com grandes aglomerações – criadouros de patógenos – para satisfazer o hábito de consumir carne.

É fácil apontar o dedo para a China

No entanto, ela ressalta que é fácil para as pessoas de países classificados como mais desenvolvidos apontarem o dedo para a China e para outras nações – incluindo o México, onde centenas de porcos doentes morreram em uma fazenda enorme em 2009, pouco antes da gripe suína se espalhar para os seres humanos.

“Mas existem indústrias de produtos animais contaminadas por doenças no mundo todo, inclusive aqui em nossa terra natal [no Reino Unido]. Nossa demanda por carne significa que muitos animais, como frangos e porcos, são amontoados em fazendas, juntos de suas próprias fezes, e transportados em caminhões imundos e abatidos em pisos encharcados de sangue, urina e outros fluidos corporais. Patógenos florescem em tais condições.”

Grandes quantidades de antibióticos para evitar doenças 

Elisa Allen ressalta que, para piorar a situação, os animais hoje recebem rotineiramente grandes quantidades de antibióticos, a fim de mantê-los vivos em um ambiente propiciador de doenças que, de outra forma, os matariam.

“Devido a esse uso desenfreado de antibióticos, determinadas bactérias se tornaram resistentes até mesmo aos mais poderosos antibióticos, contribuindo para o surgimento de ‘superbactérias’ – novos patógenos mais agressivos.“

O CDC dos EUA afirma que a resistência a antibióticos é “um dos problemas de saúde pública mais prementes do mundo”, e outros especialistas preveem que mais pessoas morrerão de doenças causadas por bactérias resistentes a antibióticos do que de câncer até 2050.  Isso é um problema que não podemos ignorar – defende Elisa.

Falta um passo significativo para evitar surtos

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a nova pandemia de coronavírus como uma emergência de saúde pública exigindo atenção internacional, e os cientistas estão trabalhando para desenvolver uma vacina, mas é provável que demore pelo menos um ano – acredita a diretora da PETA UK. Enquanto isso, estão sendo tomadas medidas para ajudar a diminuir a propagação, incluindo evitar o contato social e praticar boa higiene.

“Mas falta um passo significativo para evitar surtos de doenças infecciosas transmitidas por animais: temos que parar de comer animais. Criar e matar animais para alimentação ameaça a saúde humana e causa tremendo sofrimento aos animais. Obviamente, todos nós precisamos fazer nossa parte e ficar em casa, mas se queremos salvar ainda mais vidas – humanas e animais – e evitar futuras pandemias, também precisamos nos tornar veganos”, reforça.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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