No Brasil, mais de oito milhões de perus são mortos para a celebração do Natal, segundo dados da BRF. São muitas vidas ceifadas para saciar o “paladar natalino”. Geralmente a ave, que poderia viver por dez anos, é morta com pouco mais de dois meses, e peso que varia de três a seis quilos, considerado o ideal para o Natal.
As fêmeas são as preferidas porque não crescem tanto quanto os machos, assim tendo maior aceitação comercial nesta época do ano. Quando atingem o peso almejado pela indústria, os perus são deixados em jejum para favorecer o esvaziamento gástrico. Depois são transportados até o matadouro em gaiolas apertadas sobre caminhões.
Ou seja, tudo em prol da carne, e nada em benefício do animal, mesmo que ele esteja próximo de seu fim. Chamam isso de “bem-estar animal”, desde que a ave tenha vivido por curto período em algum espaço que a permitisse mover, mesmo que desconfortavelmente, as asas e os pés. Além disso, o estresse do confinamento tende a ser desconsiderado.
No matadouro o abate é feito introduzindo uma faca de dois gumes pela garganta do animal, assim cortando as artérias e as veias do pescoço enquanto debate-se de cabeça para baixo, com os pés presos à nória de condução. Mais tarde, o peru é depenado em água bem quente, limpo, embalado e comercializado como qualquer produto jamais dotado de vida. Em pouco tempo, ele é comprado e servido no dia em que é celebrado o nascimento do menino Jesus.
Ao redor da mesa, as pessoas não verão nada de errado em alimentar-se dessas criaturas. Dificilmente alguém vai dedicar tempo refletindo sobre a vida de quem é servido como alimento. Afinal, o que tem errado em colocar o paladar acima da empatia?
Celebrar a vida com a morte, financiar a crueldade contra outros animais, há muito tempo tornou-se parte da humanidade. Talvez possa parecer estranho, mas é isso que endossamos o ano todo. Claro, mais ainda em época de “espírito natalino”, um período sempre marcado pelo aumento substancial de mortes de animais não humanos com fins de consumo.
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