Opinião

O sofrimento das galinhas na indústria de ovos

Galinhas poedeiras exploradas em níveis industriais não raramente sofrem de prolapso uterino, câncer de ovário, peritonite, esteatose (síndrome do fígado gorduroso) e fadiga crônica (Foto: Sinergia Animal Brasil)

Uma galinha selvagem bota 10 a 15 ovos por ano, mas podendo chegar a 30, e apenas no período natural de reprodução. Porém, as galinhas domésticas, que produzem os ovos mais consumidos no mundo todo, foram manipuladas geneticamente para botarem até 350 ovos por ano.

Perda de cálcio

A produção de ovos é exaustiva porque o ovo requer nutrientes, especialmente o cálcio que é um importante nutriente da casca. Para cada casca de ovo produzida, uma galinha perde uma quantidade considerável de cálcio.

Por isso, as galinhas poedeiras têm predisposição a sofrer de osteoporose, o que resulta em ossos frágeis se comparados aos das galinhas selvagens. Há casos em que a deficiência é tão grande que elas sofrem de quebra de ossos mesmo sem fazer esforço.

Galinhas à base de água

Além do uso de luz artificial nas granjas, como forma de condicionar as galinhas a botarem ovos fora do seu ciclo natural, há também relatos de muda forçada, prática reprovável testemunhada em granjas – deixar as galinhas sem comida por semanas, só à base de água.

Aparentemente, isso causa um choque no organismo da galinha e a estimula a botar mais ovos caso a produção tenha caído ou estagnado. A muda forçada chega a ser aplicada por até três vezes antes da galinha ser enviada para um matadouro.

Problemas de saúde

Outro ponto de reflexão é que galinhas poedeiras exploradas em níveis industriais podem sofrer de prolapso uterino, câncer de ovário, peritonite, esteatose (síndrome do fígado gorduroso) e fadiga crônica. Uma galinha poderia viver por pelo menos dez anos, mas no sistema industrial a sua expectativa de vida é de um a dois anos.

Conheça o relato de quem já trabalhou no ramo – clique aqui.

Para conhecer mais sobre a realidade em geral da produção de ovos – clique aqui.

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David Arioch Barcelos

Jornalista (MTB: 10612/PR), mestre em Estudos Culturais (UFMS) com pesquisa com foco em veganismo e fundador da Vegazeta.

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  • Temos que acabar com esta situação péssima de extrema crueldade. Coitadinha das galinhas elas não merecem viver desta forma. Não é possível que o ser humano tem que se alimentar as custas do sofrimento de um animal inocente.

  • Amo o trabalho de vocês e sempre compartilho porém ê uma pena que na grande maioria das vezes quem se interessa pra ler um texto maravilhoso desses é um vegano, quando quem deveria ler, era os carnistas😔😔😔😔

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