Além de enfrentar as dificuldades diárias para manter sozinha um lar para 28 animais de grande porte, vítimas de exploração e violência em Fortaleza (CE), Márcia Virgínia Freitas dos Santos foi surpreendida quando chegou ao Abrigo Menino Vaqueiro no último sábado (8).
Ela entrou em desespero ao perceber que sete dos jumentos e mulas que viviam no local haviam sido levados por ladrões. Esses animais dividiam um espaço tranquilo e amoroso com cavalos, éguas e burros.
“Eu não sabia pra onde ir, mas precisava correr contra o tempo porque tinha muito medo de não encontrá-los mais. Hoje, continuo do mesmo jeito”, lamenta Márcia, que fundou o abrigo há mais de sete anos.
Ela tem percorrido sozinha as ruas de vários bairros de Fortaleza. Fez boletim de ocorrência, mas a polícia ainda não apareceu no abrigo.
De sábado pra cá, localizou cinco dos animais em uma área perigosa da cidade. Mesmo sem qualquer amparo, Márcia conseguiu resgatá-los.
No entanto, o paradeiro de Toia e Menina é desconhecido. “Levaram animais que já estavam recuperados, saudáveis. Procurei, procurei e não encontrei as duas mulas que faltam. Não consigo ter apoio da polícia.”
Márcia diz que a falta de ajuda em Fortaleza é resultado do preconceito contra quem não objetifica os animais. “Acham que sou louca por ter amor pelos jumentos, por resgatá-los sozinha. O Abrigo Menino Vaqueiro só existe por causa de duas pessoas”, conta.
E continua: “Há um senhor que me ajuda. Ele coloca água, comida e limpa as necessidades dos animais. O resto faço sozinha. Corro atrás de ajuda, doações, aplico medicações, resgato, faço curativos, porque nem dinheiro pra pagar veterinário eu tenho.”
Ela revela que, além de viver um momento muito difícil depois de cuidar com tanto carinho desses animais, perdeu as contas de quantas vezes ouviu não ao recorrer a pedidos de ajuda para manter o abrigo.
“Nunca consegui ajuda de prefeitura, governo, de empresários. Sempre fui atrás e sempre levei não na cara. É um abrigo bem simples, por falta de estrutura. Ainda assim, onde sei que há um animal, vou lá para resgatá-lo e trago pra cá. Cuidamos de animais judiados por carroceiros, de animais abandonados após acidentes.”
Márcia Virgínia Freitas dos Santos lamenta que uma cidade turística como Fortaleza seja negligente em relação aos animais de grande porte, e desabafa que ainda é difícil encontrar quem queira ajudar a mudar essa realidade ao apoiar iniciativas como a do Abrigo Menino Vaqueiro.
Ela explica que o auxílio para manter esse trabalho vem de poucas pessoas. “São de bom coração”, avalia.
“Mas consigo alimentá-los no sufoco, e quase todo mês há risco de despejo por causa da dificuldade em pagar o aluguel. Vivo pra trabalhar e cuidar dos animais.”
Márcia lembra de episódios humilhantes em que pediu ajuda a vereadores: “Uma vereadora falou que eu deveria sacrificar os animais. Outro disse que tinha dinheiro só pra ajudar gente, que sou louca e que não iria me ajudar porque nunca me prometeu nada.”
Com simplicidade, a fundadora do Abrigo Menino Vaqueiro comenta que se as pessoas doassem um feno por mês para o abrigo, já faria a diferença. “Alimentaria esses animais o mês todo e eu não passaria por humilhação.”
Márcia acrescenta que foi uma escolha sua resgatar jumentos, mulas, cavalos e éguas, mas ressalta que em Fortaleza há pessoas influentes que poderiam fazer a diferença para o bem desses animais.
“Sei que é uma escolha minha resgatá-los, mas acho que ajudar não os deixaria pobres. De qualquer forma, não posso desistir. Continuo procurando sozinha os animais que foram levados daqui.”
Banco do Brasil
Titular: Márcia Virgínia Freitas dos Santos
Agência: 3655-2
Conta Corrente: 76.604-6
CPF: 739511023-49
Pix: (85) 98931-1281
Picpay: @abrigo.meninovaqueiro
Vakinha: vakinha.com.br/vaquinha/18-jumentos-sem-comida
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