Defensor do veganismo, o monge budista francês Matthieu Ricard, que vive no Monastério Shechen Tennyi Dargyeling, no Nepal, diz que embora possamos receber um grande número de notícias negativas ou desmotivadoras, isso não muda o fato de que a civilização está progredindo – bastando saber onde e como enxergar para além das cortinas que fazem o mundo parecer apenas um lugar terrível.
Segundo Ricard, há 200 anos pessoas eram torturadas em arenas na Europa, e nas tardes de domingo muitos tinham como hobby assistir alguém sendo enforcado ou colocado em uma roda, onde seria espancado até a morte. “Isso era comum. Eles executavam pessoas em lugares públicos. Tudo isso é ilegal agora – escravidão, tortura e coisas assim”, informa em entrevista ao Garrison Institute.
O monge destaca que as pessoas estão se tornando mais conscientes em relação não apenas aos abusos contra seres humanos, mas também contra os animais. “Acho que a razão pela qual muitas pessoas [ainda] não reprovam o negócio da indústria da carne é porque os danos causados por ela está longe dos nossos olhos”, concluiu.
Segundo Matthieu Ricard, não é à toa que os grandes matadouros costumam ser tão protegidos quanto uma base militar, mas as mudanças estão acontecendo: “Na França, por exemplo, há uma organização que é muito ativa gravando vídeos em matadouros com câmeras escondidas. Os vídeos mostram imagens tão terríveis que eles conseguiram fechar oito matadouros. A opinião pública mudou, de modo que 80% dos franceses dizem agora: ‘Os matadouros são inaceitáveis'”, revela.
Em 2016, Ricard publicou o livro “A Plea for the Animals: The Moral, Philosophical, and Evolutionary Imperative to Treat All Beings with Compassion”. Na obra, ele discute de um ponto de vista moral, ético e ambiental por que não devemos nos alimentar de animais. Antes de se tornar monge, Matthieu Ricard dedicou a sua juventude à ciência, tornando-se uma referência internacional em biologia molecular sob a orientação do renomado biólogo François Jacob, vencedor do Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina, com quem trabalhou no famoso Instituto Pasteur.
“Quando fui a Princeton no ano passado, os primeiros 50 metros da cantina de comida self-service eram opções inteiramente veganas. Disseram-me que 20% dos estudantes de Princeton são veganos. Isso é semelhante a outras universidades. Mesmo nos EUA, onde a caça é considerada espiritual e sagrada, o número de caçadores diminuiu em 30% em dez anos. Há algo mudando nas novas gerações”, avalia.
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