Notícias

116 anos depois, Nabisco “liberta” os animais da caixa de biscoitos

Desde 1902, os tradicionais crackers da Nabisco vinham em uma caixa que é uma romanesca referência aos animais explorados no Circo de Barnum (Fotos: Divulgação)

Isso mesmo, 116 anos depois a Nabisco “liberta” os animais da caixa de biscoitos. Desde 1902, os tradicionais crackers da Nabisco eram comercializados em diversos países, além dos Estados Unidos, em uma caixa que é uma romanesca referência aos animais explorados no Circo de Barnum, o mais antigo do mundo.

Na realidade, não apenas o mais antigo, mas também apontado como aquele que mais explorou animais no mundo – foram 146 anos usando e abusando de animais selvagens. Mas essa era chegou ao fim no ano passado, quando o Ringling Bros. and Barnum & Bailey Circus foi extinto.

Na homenagem da Nabisco ao Circo de Barnum, um leão, um urso, um gorila e um elefante estampavam uma caixa de papelão que imitava os velhos trailers do Circo de Barnum, onde os animais eram transportados em condições consideravelmente precárias por todo o país.

Porém, na caixa da Nabisco, os animais apareciam sempre em um momento lúdico, brincando com seus filhos – o que criava uma ideia de alegria, beleza e harmonia, que na realidade não condizia exatamente com a realidade daqueles animais explorados como entretenimento.

Por isso, a organização Pessoas Pelo Tratamento Ético dos Animais (PETA) começou a pressionar a Nabisco, que pertence a Mondelēz International, para que eles “libertassem” os animais. A Nabisco concordou e esta semana lançou no mercado a nova versão dos crackers, mas que continuam sendo os “Animais de Barnum” – como destacado na caixa.

No entanto, a PETA qualifica a nova embalagem como uma vitória, considerando que pelo menos a Nabisco já não transmite uma ideia errada às crianças – de que animais selvagens são felizes no circo, mesmo vivendo em pequenos espaços e sendo submetidos a treinamentos diários de condicionamento. E claro, não raramente envolvendo algum tipo de violência.

David Arioch S.A. Barcelos

Jornalista (MTB: 10612/PR) e mestre em Estudos Culturais (UFMS).

Posts Recentes

O corpo bovino na água foi visto como carne perdida

O corpo bovino na água foi visto como carne perdida, não uma morte a ser…

22 horas ago

Quando uma criança viu o sofrimento de um peixe

Uma criança viu pela primeira vez um peixe sendo tirado da água. Lutava com o…

2 dias ago

O animal não cabe dentro do interesse humano

Ver o interesse dos animais não significa querer ou fazer com que esse interesse prevaleça,…

3 dias ago

Se quem mata animais profissionalmente é cruel, devemos nos perguntar, é cruel em nome de quem?

Há muito tempo quem mata animais no matadouro é associado à crueldade. Encontramos exemplos em…

4 dias ago

A morte é uma libertação para o animal explorado?

Esta semana, quando um boi teve morte súbita a caminho de um matadouro no Paraná,…

6 dias ago

No século 19, Comte observou que humanos estavam tratando outros animais como “laboratórios nutritivos”

Em “A lição de sabedoria das vacas loucas”, Lévi-Strauss cita como Auguste Comte, mais conhecido…

7 dias ago