Voltando para casa, vi na estrada um cachorro-do-mato morto. Mais adiante, vi o que restou de um boi morto mangueira adentro. O rabo do cachorro-do-mato apontava para uma goiabeira.
Lembrei-me de uma história que ouvi na infância sobre um cachorro-do-mato que foi morto a tiros enquanto comia as goiabas que caíam no chão de uma fazenda que ocupava uma porção de floresta. Pensei na conexão do cachorro-do-mato com o boi.
Sai o cachorro-do-mato e entra o boi. Um não vive para que outro também não viva. Há uma contradição inerente a essas duas realidades, em que a privação de um depende da privação de outro.
O cachorro-do-mato foi atropelado. Não estavam longe um do outro, e o fim de um era também o fim de outro, nessa conexão em que o natural é expulso para a exploração do inatural.
Dois corpos caídos de forma precoce, pelo que é ação humana. Um buscando a sobrevivência pelo que sobre si é inerência, e o outro incapaz de sobreviver sem a ação humana que o alimenta para matá-lo.
Havia um pasto imenso perto do cachorro-do-mato. Imaginei quantos animais silvestres caberiam naquele espaço agora pouco habitado. O natural deve habituar-se ao que é inatural.
O corpo no asfalto não era apenas sobre os riscos da travessia silvestre, mas sobre o que obrigou o cachorro-do-mato a passar por ali. Duas mortes compartilhando o mesmo contraditório sentido.
O boi morreu por um fim que não é seu, e o cachorro-do-mato também.
Leia também “Sobre a tristeza de matar um rato“, “O animal deseja o zoológico?” e “A criança que não quer se alimentar de animais“.
Vamos considerar que alguém seja insensibilizado para ser morto contra a sua vontade. Isso torna…
No filme “Fish Tank”, lançado no Brasil como “Aquário”, de Andrea Arnold, há uma cena…
A série “Monstro: A História de Ed Gein”, da Netflix, traz uma cena no segundo…
Chamam a atenção os esforços que pessoas que se opõem ao veganismo fazem para tentar…
No romance “Ponciá Vicêncio”, de Conceição Evaristo, há um momento em que Ponciá está deitada…
Há um momento no livro “Quarto de Despejo” em que Carolina Maria de Jesus reflete…
Visualizar comentários
A vida humana não ainda caiu a ficha que os animais também merece viver a vida que lhes foi concedida por Deus que é todo poderoso. Essas pessoas que tem este comportamento estranho não vão ficar empune jamais.
Que pena que existe tanta maudade, e crueldade humana. As vezes eu penso que poderia ser tão diferente,se o ser humano entendece mais os valores de sua própria família. Pois somos todos animais, assim como os outros animais que não recebi nenhum respeito humano. É por isso que o nosso Planeta sofre a terrível destruição da nossa natureza.