Vaca mugia em frente ao açougue. Chamaram a polícia e a defesa agropecuária. Fila se desfez, dando passagem. Sim, ainda mugia. Começou a dar cabeçadas na vitrine.
Ninguém tentou se aproximar. Reação? Era como se tivessem desaprendido a andar e a mover braços. Espectador por aqui, por ali, por lá – só assistir e nada mais.
Boquiabertos, olhos arregalados, mas sem barulho. Ficaram no mudo, na surpresa do grito sem som. Quando o vidro se rompeu, a cabeça sangrou. Havia pessoas por perto, mas se importar? Com isso, ela não.
Era como se tivessem virado figurinhas de papelão deixadas de pé. Sangue escorria, já não restava vitrine. Açougueiro 1 continuava com as mãos na balança e o 2 com um pedaço de carne recostado na serra.
Farelos de ossos que viravam fria poeira já não caíam. Ficaram suspensos, gerando estranho mal-estar. Ninguém pensava na polícia e na defesa agropecuária que não chegava. Por que pensar?
Derrubou o que pôde no chão e empurrou com a cabeça sangrando, pisando em cacos de vidro. Mugido curto virou mugido longo, mas de menor gravidade. Pessoas continuavam ali, sem ação. Por que não?
Voltou para tentar levar o que sobrou, ou que viu que sobrou. Na calçada, formou lombada de carne e deitou em cima. Quando percebeu uma tira fora do campo de proteção, tentou esticar a pata o máximo que pôde. E mugia? Mugia porque sabia.
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