13 documentários lançados em 2019 que você deve assistir

Foi lançado em 2019 um número bem significativo de documentários que abordam a importância, os benefícios e o crescimento do veganismo, assim como filmes que se voltam para a relevância dos direitos animais e da preocupação com o meio ambiente.

São obras de curta, média e longa-metragem, e de diferentes origens, embora se universalizem em suas mensagens de chamamento à mudança, e que podem servir para espectadores de qualquer parte do planeta.

Claro, alguns filmes conquistaram muito mais visibilidade do que outros, seja pela qualidade ou pelo trabalho de divulgação. No entanto, todos merecem algum tipo de atenção e discussão.

Por isso, e pensando em contribuir de alguma forma, a VEGAZETA decidiu criar uma lista com 13 filmes lançados em 2019 que você deve assistir. Confira:  

1) The Game Changers 

O documentário “The Game Changers”, lançado no Brasil como “Dieta de Gladiadores”, que defende que atletas não precisam consumir carne e outros alimentos de origem animal, está disponível na Netflix e com legendas em português.

A obra contrapõe estereótipos sobre a fisicalidade e performance dos veganos, e defende que quem não consome nada de origem animal não tem dificuldade em se destacar em modalidades esportivas de alta performance.

Participam do filme o ex-fisiculturista e ator Arnold Schwarzenegger e atletas como o levantador de pesos alemão Patrik Baboumian, o piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton, o maratonista Scott Jurek e o halterofilista olímpico Kendrick Farris, entre outros atletas de diversos esportes.

Outro diferencial de “The Game Changers” é a participação do ex-fisiculturista, ator e ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger, que declara seu apoio ao veganismo e fala sobre o seu empenho para se afastar dos alimentos de origem animal.

O filme tem direção de Louie Psihoyos, que venceu o Oscar em 2009 com o filme “The Cove”, e produção do cineasta vegano James Cameron, que produziu e dirigiu filmes como “O Exterminador do Futuro”, “Titanic” e “Avatar”.

2) Planet Vegan

A série documental “Planet Vegan” aborda a expansão do veganismo em mais de dez países – incluindo Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Suíça, Holanda, Canadá, Portugal, Espanha e Noruega.

De acordo com o diretor James Hoot, eles passaram um ano viajando e documentando eventos, conhecendo empreendimentos veganos e se aprofundando no trabalho de alguns ativistas dos direitos animais.

“Essa jornada levou a equipe a ver que o movimento vegano não é algo isolado, mas sim um movimento mundial que está se consolidando em um momento crucial da história da humanidade”, enfatiza.

A série documental aborda vários aspectos do movimento vegano. Cada episódio trata de um tema específico – como ativismo, saúde, mercado e eventos; além de atletas e outros exemplos de pessoas que de alguma forma estão fazendo a diferença no meio vegano.

Entre os participantes da série estão Rich Roll, James Aspey, Ethan Brown, Tia Blanco, Michael Greger, Lisa Lange, Anita Krajnc, Earthling Ed, Matt Rice, Leah Doellinger, Neal Barnard, Sebastian Joy, Seb Alex e Dominika Piasecka. Hoot quer que “Planet Vegan” seja disponibilizado na Netflix.

3)  O Fim da Carne 

O documentário alemão “The End of Meat” ou “O Fim da Carne” discute um futuro sem carne sob diversas perspectivas. O filme é dirigido e produzido por Marc Pierschel, que também dirigiu o documentário vegano “Live and Let Live”, ou “Viva e Deixe Viver”.

“Embora as evidências do impacto negativo do consumo de carne no planeta e na saúde humana continuem se acumulando à medida que o bem-estar animal está em declínio, o caso de amor da humanidade com hambúrgueres, bifes, nuggets e costeletas simplesmente não termina”, informa o documentário.

Partindo dessa reflexão, ambientada na Alemanha da bratwurst e da schnitzel, que Pierschel mostra que, embora o mundo não seja vegano, as transformações estão acontecendo. Cada vez mais pessoas estão abraçando a redução ou a completa abstenção do consumo de alimentos de origem animal. Nessa esteira, a Alemanha é um exemplo, considerando que, em resposta à demanda, hoje é o país que mais lança produtos veganos.

“As preocupações com a saúde e os escândalos da carne levaram a um debate público sobre as implicações éticas do consumo de carne e o aumento das dietas baseadas em vegetais. Os produtores de carne lançaram seus próprios produtos veganos. Hoje temos supermercados veganos e quase todos os fabricantes de alimentos estão adicionando e rotulando opções veganas. É esse o começo do fim da carne? Estamos nos aproximando de um ponto de virada no relacionamento humano-animal?”, questiona Marc Pierschel.

Em “The End of Meat”, Pierschel apresenta um breve relato da história do movimento vegano na Alemanha, visita a primeira cidade vegetariana da Índia, conhece a famosa porca Esther e levanta questões sobre o futuro dos animais na sociedade. Filme está disponível para compra ou aluguel no Vimeo. 

4) Football Going Vegan

Lançado pela BBC, o documentário “Football Going Vegan” discute o crescimento do veganismo no futebol. Embora nem todos os participantes da obra tenham optado por se abster do consumo de animais em primeiro lugar por uma questão ética, há exemplos de jogadores que se posicionam como defensores dos direitos animais – como é o caso do zagueiro inglês Chris Smalling, do Manchester United, que atualmente está emprestado para o Roma, da Itália.

“Com tantos esportistas adotando uma dieta baseada em vegetais, viajamos com o ex-jogador de futebol inglês Jermaine Jenas enquanto ele se aprofunda no assunto um tanto controverso”, informa a BBC em referência ao protagonista do documentário que decide começar a sua transição para o veganismo.

Em “Football Going Vegan”, Jenas conhece aquele que é considerado o primeiro time de futebol vegano do mundo – o Forest Green Rovers, fundado por Dale Vince, um investidor do ramo de energias alternativas.

Jermaine Jenas também discute sobre o assunto com o ativista vegano Ed Winters, mais conhecido como Earthling Ed, e conversa com nutricionistas e chefs que se tornaram referência em auxiliar e colaborar com veganos e pessoas que simplesmente adotaram uma dieta à base de vegetais.

5) M6NTHS

O premiado documentário holandês de curta-metragem “M6NTHS”, de Eline Helena Schellekens, conta a história de um leitão criado para consumo. Sem narração, no filme com 12 minutos de duração a intenção de Eline é se aproximar do ponto de vista do leitão.

A idealizadora oferece uma perspectiva única e sensível sobre a vida dos animais que passam suas curtas vidas em confinamento até serem mortos e reduzidos a bacon e pedaços de carne.

No ano passado, o filme foi premiado no Panda Awards, conhecido como o “Oscar” dos filmes sobre a vida selvagem. “A cada ano, cerca de 10 milhões de porcas e leitões são criados em confinamento só no Reino Unido e na União Europeia”, lamenta Eline Schellekens.

6) Sem carne, por favor!

“Sem carne, Por Favor!” é um documentário de média-metragem lançado pela TV Assembleia de Roraima. O filme aborda vegetarianismo e veganismo e suas diferenças, e destaca que ser vegano está muito além de uma opção alimentar.

No decorrer das filmagens de “Sem Carne, Por Favor!”, que tem duração de 28 minutos, o jornalista Johann Barbosa, diretor do documentário, se surpreendeu com a profundidade do veganismo, e também com a grande diversidade de pratos que podem ser recriados sem ingredientes de origem animal.

A produção do documentário faz parte de uma proposta da TV Assembleia de se aprofundar em assuntos considerados de grande relevância na atualidade, segundo a coordenadora da TV Assembleia, Sônia Lúcia Nunes.

7) Carne: Uma Ameaça ao Nosso Planeta?

Este ano a BBC também lançou o documentário “Meat: A Threat to Our Planet?” ou “Carne: Uma Ameaça ao Nosso Planeta?”, que discute o impacto da produção e do consumo de carne no mundo.

Para abordar o assunto, a bióloga e consumidora de carne Liz Bonnin começa sua jornada no Texas (EUA), onde visita uma fazenda onde 50 mil bovinos são criados em regime intensivo – cenário que deve se tornar cada vez mais comum, considerando que a previsão é de que se não mudarmos nossos hábitos teremos um consumo global de carne 50% maior do que o atual nas próximas décadas.

Em uma das fazendas visitadas por Liz, ela descobre que os bovinos emitem grandes quantidades de metano, um gás incrivelmente potente e que contribui com o efeito estufa e com as mudanças climáticas.

Depois ela viaja para a Carolina do Norte, onde investiga o impacto ambiental de milhões de toneladas de resíduos liberados por animais criados para consumo. Segundo o documentário da BBC, no mundo todo a criação de animais gera três bilhões de toneladas de esterco por ano, e que acabam poluindo a terra, a água, destruindo a biodiversidade e ampliando as “zonas mortas” oceânicas, onde a vida marinha já é inexistente.

Liz Bonnin também vem ao Brasil, lar do maior rebanho bovino do mundo. Na Amazônia, ela descobre que 20% da floresta foi destruída e que a pecuária é a principal causa desse desmatamento. “Agora estamos perdendo dois campos de futebol por minuto e devastando a vida selvagem da região.”

O documentário destaca ainda que a carne afeta a vida nos oceanos, já que em países como a África do Sul, anchovas e sardinhas são capturadas e transformadas em farinha para alimentar o gado. Essa crise ambiental é suficiente para impedir o mundo de comer carne? Quando Liz testemunha uma galinha sendo morta para o jantar, ela se força a reavaliar sua própria atitude em relação à carne e questiona o que todos podemos fazer para salvar o planeta.

8) The Animal People

O documentário “The Animal People”, conta a história de seis ativistas que lideraram nos Estados Unidos a campanha internacional em defesa dos direitos animais Stop Huntingdon Animal Cruelty (Shac), e que por isso passaram a ser vistos como uma ameaça pelo FBI, inclusive sendo colocados sob vigilância e indiciados como terroristas domésticos.

O filme com produção executiva do ator vegano Joaquin Phoenix é produzido por Jorja Fox (CSI) e dirigido por Cassandra Suchan (Rock The Bells) e Dennis Henry Hennelly (Bold Native). A obra mostra que os ativistas passaram a ser classificados como ameaça terrorista por combater práticas de uma corporação que realiza testes em animais – a Huntingdon Life Sciences – que tem laboratórios no Reino Unido, Estados Unidos e Japão.

“The Animal People” aponta que o FBI foi utilizado para defender interesses corporativistas em detrimento de interesses públicos, e que o caso da Huntingdon serviu como modelo para atacar outros movimentos como o Occuppy Wall Street e Black Lives Matter, assim interferindo na liberdade de expressão dos cidadãos dos EUA.

“Este filme é muito mais do que apenas este caso. Trata-se de questões fundamentais sobre liberdade de expressão, transformação social e poder corporativo, que nunca foram tão urgentemente discutíveis em nosso mundo”, declarou Joaquin Phoenix em divulgação do documentário. “The Animal People” é resultado de 15 anos de produção e traz entrevistas com cada um dos principais ativistas da campanha, além de imagens raras, inclusive de gravações secretas feitas pelo FBI, assim como registros de escutas telefônicas e documentos do governo.

“The Animal People é um retrato arrepiante do que acontece quando o ativismo sacode as instituições de poder”, informa a produção do filme. Ainda não há previsão de quando a obra será disponibilizada nas plataformas digitais.

9) Rio de Lama

O premiado curta-metragem de realidade virtual “Rio de Lama” leva o espectador para dentro do desastre ambiental de Mariana (MG). O documentário propõe uma imersão em 360º na devastação provocada pela ruptura da barragem do Fundão, em novembro de 2015, quando 62 milhões de metros cúbios de rejeitos de minério e água foram liberados sobre as cidades de Mariana e Bento Rodrigues.

O diretor Tadeu Jungle considera o filme histórico por ter conseguido registrar as comunidades destruídas e seus habitantes pouco tempo depois da catástrofe. “Ali, a gente conta uma história de uma saudade ou de uma ausência. Eu entrevistei os moradores. Eu fiz no calor da tragédia, eu fui para lá fazer o filme e não tinha um roteiro. Eu não tinha um script”, contou o cineasta e videoartista em entrevista à ONU News.

O diretor diz esperar que o reconhecimento do filme fortaleça diferentes demandas sociais. “Não somente essas causas das [pessoas afetadas por] barragens em si, mas também da luta pelo meio ambiente. Todas as lutas que estão se fazendo hoje que são muito importantes. A demarcação das terras indígenas é muito importante. A questão do extrativismo e da mineração ilegal na Amazônia.”

10) For The Birds

“For the Birds”, de Richard Miron, conta a história de Kathy, que tem uma relação de amor e respeito com patos, galinhas, gansos e perus, entre galináceos de outras espécies – resgatados de situações de maus-tratos e matadouros.

Ela é responsável por 200 aves e colocou em risco até mesmo o próprio casamento pelo seu trabalho em prol dos animais. Essa é uma das facetas exploradas por Miron, que destaca também como o universo da defesa animal está longe de ser simples como muita gente imagina.

O que começa como uma história sobre a batalha de Kathy contra outros grupos de defesa animal, se transforma lentamente em um drama íntimo sobre os custos do seu amor e compaixão pelos animais. Ela é obrigada a lidar com as mais diferentes lutas.

“Nós os amamos, comemos, os resgatamos, os confinamos – as contradições continuam. Já vi muitos documentários sobre direitos animais, mas havia uma determinada e sutil realidade que senti que eu não estava vendo na tela. Então comecei a fazer um filme que explorasse as morais áreas turvas da forma como tratamos os animais”, justifica o cineasta.

Além do olhar sobre a questão animalista e vegana, em “For the Birds”, Richard Miron quis voltar a sua atenção para a fundamentação e consequência das escolhas humanas quando se voltam mais para os seres não humanos.

11) Bucking Tradition

Premiado este ano no Ottawa International Vegan Film Festival (OIVFF), no Canadá, “Bucking Tradition” é um filme de Sharon M. Boeckle sobre a crueldade nos rodeios.

A obra descreve os ferimentos irreparáveis ​​sofridos por touros e bezerros em centenas desses eventos todos os anos, e tudo em nome de “uma das últimas tradições remanescentes do oeste americano”.

Sharon defende que o que legitima a prática do rodeio é o seu status de “suposto esporte” associado ao romantismo da cultura ocidental nos Estados Unidos. No OIVFF, “Bucking Tradition” levou o prêmio de Melhor Filme e Melhor Filme de Bem-Estar Animal em disputa com obras de 13 países.

12) Gelo em Chamas 

O documentário “Ice on Fire”, “Gelo em Chamas” no Brasil, dirigido por Leila Conners e produzido por Leonardo DiCaprio, não apenas aponta os problemas gerados pelas mudanças climáticas como também apresenta soluções para reduzir as emissões de gases do efeito estufa.

Filmado na Noruega, Islândia, Suíça, Costa Rica e em estados dos EUA como Alasca, Colorado e Connecticut, o documentário oferece alguns relatos inéditos de trabalhos desenvolvidos por agricultores, cientistas e outros profissionais que estão buscando meios de minimizar o impacto ambiental das ações humanas.

No filme, DiCaprio divide a produção com o pai George DiCaprio e conta com o trabalho do roteirista Matthew Schmid. Leila trabalhou com Leonardo DiCaprio no documentário “The 11th Hour”, lançado no Brasil como “A Última Hora”, que também retrata a questão do aquecimento global e tem entre seus ilustres participantes o físico Stephen Hawking.

DiCaprio, Schmid e Conners também trabalharam juntos em outros filmes que abordam a questão ambiental – como “Green World Rising”, de 2014 – além do curta-metragem “We the People 2.0” e “Pollinators Under Pressure”, de 2018.

“O derretimento da neve e do gelo agora desencadeou múltiplos pontos de inflexão climática, especialmente o aumento dos níveis de metano. Os cientistas descobriram soluções, nos dando uma chance de reverter as mudanças climáticas, mas o tempo está passando”, alerta “Ice on Fire”.

13) Test Subjects

O documentário “Test Subjects”, sobre a realidade dos testes em animais e também lançado este ano está disponível no Vimeo para quem quiser assistir online. A obra é dirigida por Alex Lockwood, vencedor do BAFTA na categoria melhor curta-metragem com o filme “73 Cows”, que conta a história de um ex-pecuarista que decide se tornar vegetariano.

O filme parte da realidade de três pesquisadoras que decidiram se dedicar à ciência, na busca por fazer uma real diferença na saúde humana. Frances, Emily e Amy acreditavam que os testes em animais eram uma parte necessária de suas pesquisas, até que lentamente começaram a questionar a validade da prática.

“Com o filme ‘Test Subjects’, explorei histórias de cientistas que tiveram experiências de testes em animais em primeira mão e que agora querem falar e compartilhar suas histórias”, informa Lockwood.

Segundo o cineasta, embora os testes em animais ainda sejam amplamente aceitos e reconhecidos como “um mal necessário”, isso pode estar bem distante da realidade.

“Espero que esse filme ajude a desafiar essa crença e lance luz sobre o fato de que testes em animais são predominantemente ineficazes quando se trata da saúde humana”, frisa.

 

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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