Um levantamento realizado pela ONG Repórter Brasil revela que oito dos dez deputados mais antiambientais nos últimos quatro anos ainda estarão na Câmara em 2023, já que foram reeleitos. A metade é do Partido Liberal.
“Ter atuação muito desfavorável ao meio ambiente, povos indígenas, trabalhadores rurais e outras comunidades do campo pode ter sido um bom negócio para os deputados federais que disputaram a reeleição”, avalia a Repórter Brasil, acrescentando que a situação piorou no comparativo com 2018.
A especialista sênior em políticas públicas do Observatório do Clima e ex-presidente do Ibama, Suely Araújo, relaciona essa permanência com o fato de que os eleitores estão preferindo reeleger deputados com posições mais definidas. “Parlamentares de direita perderam posição para parlamentares mais à direita”, exemplifica.
A lista de oito deputados mais antiambientais que foram reeleitos em 2022 inclui Lúcio Mosquini (MDB-RO), Éder Mauro (PL-PA), Nicoletti (União-RR), José Medeiros (PL-MT), Alceu Moreira (MDB-RS), Capitão Derrite (PL-SP), Caroline de Toni (PL-SC) e Luiz Nishimori (PSD-PR).
Quem teve a pior pontuação, segundo o Ruralômetro da Repórter Brasil foi o deputado não reeleito Nelson Barbudo (PL-MT), que mesmo gastando R$ 2,5 milhões em campanha não conseguiu garantir uma vaga na Câmara.
Por outro lado, quatro dos dez deputados mais bem pontuados nas questões ambientais, de acordo com o ruralômetro, não foram reeleitos: João Daniel (PT-SE), Célio Moura (PT-TO), Professora Rosa Neide (PT-MT) e Ivan Valente (PSOL-SP).
“A análise dos deputados reeleitos não é suficiente para prever como a Câmara vai se comportar nos próximos anos em relação a temas socioambientais, já que 202 dos parlamentares que tomarão posse em 2023 são novatos. A evolução dos tamanhos das bancadas, porém, sugere um aumento da polarização na comparação com a legislatura atual. Tanto o conjunto dos partidos mais ruralistas como o dos ambientalistas tiveram crescimento, em detrimento do centro político da Câmara”, analisa a Repórter Brasil.
Sobre isso, Suely Araújo diz que “é um quadro mais difícil de negociar porque são pessoas que não vão sentar juntas”. Porém não descarta que as posições dependerão também de quem será eleito presidente, porque os deputados do centro, que são maioria, “tendem a se aproximar do poder”.
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