Organização alerta para risco da peste suína africana no Brasil

No Brasil, a chegada da peste suína africana, que desapareceu do país em 1978, poderia desencadear um quadro muito mais grave de contaminação (Foto: Shutterstock)

Esta semana a organização Proteção Animal Mundial está alertando para o risco da peste suína africana no Brasil. Segundo a entidade, deficiências nos recursos de controle e fiscalização de biossegurança tornam possível a chegada do vírus ao país.

De 2018 para cá, a doença se espalhou por mais de 50 países da África, Europa e Ásia. Nas Américas, uma das nações já afetadas é a República Dominicana, onde 500 mil porcos, cerca de metade do rebanho nacional, podem ser sacrificados em breve.

No Brasil, a chegada da peste suína africana, que desapareceu do país em 1978, pode desencadear um quadro muito mais grave de contaminação, considerando que o Brasil tem um rebanho de mais de 40 milhões de suínos. Ou seja, 40 vezes mais do que a República Dominicana.

Como divulgamos na semana passada, o Brasil é o terceiro país que mais cria e abate suínos no mundo. “Estes riscos devem ser encarados com extrema seriedade. O Sistema Mundial de Informação de Saúde Animal (OIE-WAHIS) já emitiu alerta para as Américas”, lembra a Proteção Animal Mundial.

Primeiro registro nas Américas em quase 40 anos

De acordo com a entidade, a presença do vírus causador da peste suína africana na República Dominicana foi confirmada por amostras analisadas pelo programa de cooperação com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no final do mês de julho.

“É o primeiro registro nas Américas em quase 40 anos. Pode se disseminar por porcos vivos ou mortos, domésticos (de produção industrial ou criação familiar) ou selvagens e produtos derivados. A transmissão também pode ocorrer por meio de pés contaminados ou objetos como calçados, roupas, veículos, facas e equipamentos”, informa a Proteção Animal Mundial.

Vale lembrar que mais de 15 mil brasileiros já viajaram para a República Dominicana só em 2021. A entidade, que avalia o sistema intensivo de criação de porcos como um agravante, diz que por enquanto a doença não apresenta riscos à saúde humana, e em relação aos animais não há vacina ou tratamento disponível, o que tem resultado em abate de rebanhos inteiros.

“Esta é uma indicação clara de que precisamos repensar nosso sistema alimentar. A intensificação não é a resposta. Podemos alcançar nosso objetivo de segurança alimentar e de emprego sem uma maior intensificação da pecuária”, diz Jacqueline Mills, da Proteção Animal Mundial.

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Jornalista (MTB: 10612/PR), mestre em Estudos Culturais (UFMS) com pesquisa com foco em veganismo e fundador da Vegazeta.

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