A morte é o destino comum de cães de corrida que se aposentam na Austrália

O que agrava a situação também é que a corrida de cães é um negócio rentável na Austrália (Acervo: Animals Australia)

Na Austrália, o destino comum de cães de corrida que se aposentam das pistas é a morte. Os galgos, considerados os melhores cães de corrida, quando deixam de competir por motivos diversos normalmente são descartados pelos proprietários. As alegações mais comuns são que eles perseguem lagartos, odeiam gatos, são muito tímidos, muito barulhentos, ansiosos ou medrosos.

Essas informações são baseadas em registros da Internal Greyround Racing, da Nova Gales do Sul, obtidas esta semana pelo The Guardian da Austrália. As notificações de aposentadoria de galgos que deixaram de competir entre abril de 2017 e maio de 2018 se baseiam quase sempre na mesma justificativa – “o temperamento do cão é um problema”, mesmo que ele tenha sido explorado financeiramente a vida toda.

Em um dos documentos, o proprietário argumenta que optou pela eutanásia do animal porque não é possível passear com um cão que tem um problema no quadril. Além disso, alegou que ele não gosta de gatos e de outros animais. Outro cão foi morto porque era considerado inapto para atuar como auxiliar durante as caçadas. Há alguns anos, os proprietários de galgos não tinham autorização para sacrificar os animais usados em corridas sem a autorização de um perito. Hoje, eles precisam apenas demonstrar “que realizaram tentativas genuínas” de boa convivência com o animal ou “se esforçaram para mantê-lo saudável”.

O que agrava a situação também é que a corrida de cães é um negócio rentável na Austrália. Na última terça-feira, o governo de Nova Gales do Sul anunciou uma doação de 500 mil dólares do dinheiro dos contribuintes para financiar a mais cara corrida de galgos do mundo – a “Million Dollar Chase” no Wentworth Park, em Sydney, que vai ser realizada no dia 20 de outubro.

De acordo com informações da Animals Australia e da Animal Liberation Queensland, que desde 2015 tentam acabar com a corrida de cães em todo o país, no treinamento dos galgos são usados leitões, coelhos e gambás, que em muitos casos acabam mortos durante a perseguição.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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