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Ativistas querem fim do uso de bois puxando carros de lenha em Festa do Padroeiro de São Roque (SP)

Ativistas em defesa dos animais estão se manifestando contra o uso de bois para puxar carros de lenha em um desfile que fará parte da Festa do Padroeiro de São Roque (SP) no dia 16 de agosto. O tradicional evento é resultado de uma parceria entre a Prefeitura e a Paróquia de São Roque.

A ONG Bendita Adoção lamenta que, com o intuito de simular atividades de séculos passados, os animais são presos por um pau atado aos seus pescoços, prática que é classificada como um tipo de maus-tratos, pelo desnecessário desconforto que gera ao animal.

Além disso, o ato de puxar carros cheios de lenha é visto por ativistas como desnecessário, já que os animais passarão por essa situação apenas para entreter o público enquanto suportam a cangalha (madeira presa ao pescoço) e o peso dos carros de lenha.

“Mais de 60 bois serão utilizados”, informa a ativista Beatriz Silva, da Bendita Adoção. A Paróquia de São Roque, que faz parte da Diocese de Osasco, busca com o uso de animais mostrar às novas gerações a realidade de outros tempos.

Segundo a Prefeitura de São Roque, o desfile tradicionalmente percorre as principais ruas do centro, com os carros de bois e apresentações que relembram a fundação e a trajetória da cidade.

“A tradição do desfile de Entrada dos Carros de Lenha começou por conta de um costume dos fiéis da região, de doarem à paróquia, produtos de suas propriedades, principalmente lenha, em agradecimento e devoção ao padroeiro”, relata a prefeitura na história do evento em seu site.

“Então em 1881, o padre da época resolveu juntar o montante recebido, exibindo-o em um único dia, fato que ocorre até os dias de hoje. Os fiéis traziam suas respectivas doações em carros de boi. Com o dinheiro obtido com a venda da lenha doada no primeiro evento, foi adquirida a atual imagem de São Roque, que veio da França. Do porto de Santos até São Roque, a imagem também foi trazida por carros de boi.”

 

David Arioch S.A. Barcelos

Jornalista (MTB: 10612/PR) e mestre em Estudos Culturais (UFMS).

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