Contra a morte de animais, deixou de comê-los

Pintura: Naomi Joy

A vontade de evitar a morte de animais o motivou a deixar de comê-los. “Também comecei a recusar tudo que fosse tirado deles, incluindo o que dissessem que foi obtido de ‘forma pacífica’. Não, não endosso nada disso, e não me recordo de qualquer momento neste mundo em que um animal tenha me dito: ‘Coma, está aqui, produzi especialmente para você.”

Concluiu que o ser humano considera-se, de maneira equívoca, especial demais e por isso vê-se no direito de subjugar outros animais, apropriar-se deles, de tudo que geram, e de comê-los.

“Talvez desça à Terra em momento oportuno ou inoportuno, depende da percepção que salta à consciência humana, criatura doutro planeta e diga que são superiores a nós, logo mais especiais, portanto, veem-se no direito de fazer conosco o que fazemos com outros animais. Como seria? Como funcionaria?”

Já os imaginou dizendo-nos, em tom fleumático, como falamos com caráter dissimulativo doutras espécies que vencemos pelo paladar, que é hora duma domesticação humana do tipo que priva-se de liberdade, circulação e de vontades gerais, a não ser que algumas vontades, se sanadas, sejam boas para o desenvolvimento e maciez de nossas carnes.

“Aí talvez não vissem problema. Ora, não nutrimos o boi, o porco e o frango para que possam crescer e morrer para favorecer nossa mesa? E os nutriríamos por outro motivo? É o que tens em plano a criatura humana que subjuga criatura doutra espécie.”

Acha que se nos matassem de ‘forma zelosa’, promovendo a ideia dum alto nível de insensibilização, entraríamos felizes em seus matadouros? Não é esta a ideia que a indústria promove e o consumidor aplaude em relação aos outros?

“É o que pode-se ponderar. E quem quer experimentar? Ainda podemos pensar na ideia do querer, mas se este não existe por sua desconsideração de valor, o que restaria se passamos a ser as vítimas do sistema que criamos?”

Acredito que uma espécie muito superior à nossa não concordaria com nossos hábitos. Se mais evoluída, e logo penso também em maior elevação moral, provavelmente repudiaria nossa alimentação, e não veria sentido na violência desnecessária que envolve o consumo humano.

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Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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