Covid-19: especialistas veem testes em animais como perda de tempo  

“Apesar disso, esses testes ainda estão sendo realizados e, em alguns casos, paralelamente aos ensaios clínicos” (Acervo: CGTN)

Uma carta enviada pela organização Animal Defenders International (ADI) à Organização Mundial de Saúde (OMS) e assinada por quase 100 especialistas defende que os testes em animais no desenvolvimento de vacinas para combater a covid-19 não compensam, porque, além de demandarem muito tempo, não oferecem garantias.

Eles apontam que atualmente há métodos mais avançados de pesquisa que deveriam ser priorizados para acelerar as descobertas de novas vacinas e entender melhor o comportamento do novo coronavírus na saúde humana.

“Fundos significativos e tempo precioso estão sendo gastos em pesquisas com animais, mesmo com as conhecidas diferenças entre as espécies, o que faz dos resultados desses dados pouco confiáveis quando traduzidos para seres humanos.”

Testes em animais não são necessários

A carta frisa que a Coalizão Internacional das Autoridades Reguladoras de Medicamentos (ICMRA em inglês) já declarou que testes em animais não são necessários para testar a eficácia de possíveis vacinas para o vírus antes da realização de testes clínicos em humanos.

“Apesar disso, esses testes ainda estão sendo realizados e, em alguns casos, paralelamente aos ensaios clínicos.” Na prática, animais, que podem ou não ser suscetíveis a covid-19, são injetados com o vírus enquanto possíveis colaterais são avaliados.

Como os animais não são muito suscetíveis à doença, cientistas têm selecionado aqueles que podem apresentar pelo menos alguns sintomas semelhantes aos humanos, ainda que isso dependa de intervenção.

Ou seja, no caso dos camundongos, por exemplo, eles estão forçando uma contaminação por meio de aplicação contínua do vírus, até que evolua para infectá-los.

Diferenças biológicas das espécies

Outra ação tem sido dar receptores humanos aos roedores, inserindo moléculas no trato respiratório e alterando o DNA para torná-los suscetíveis ao vírus.

Até porque os animais, por suas inerentes diferenças biológicas, podem não apresentar sinais da covid-19, ainda que sejam contaminados – ou podem demonstrar sinais leves como uma tosse imperceptível.

“Devido às diferenças [biológicas] das espécies, os animais respondem de maneira diferente a substâncias como drogas e, portanto, são uma maneira não confiável de prever efeitos em humanos. Mais de 90% dos medicamentos que se mostram promissores em ensaios com animais falham em humanos, devido à falta de eficácia ou a preocupações de segurança”, reforça a carta também encaminhada para governos, agências reguladoras e fundos que estão patrocinando o desenvolvimento de vacinas contra a doença.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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