Domesticação de cães pode ter ocorrido na Sibéria há mais de 23 mil anos

Possível canino domesticado há mais de 18 mil anos (Sergei Fyodorov/The Yakutsk Mammoth Museum via Associated Press)

De acordo com um estudo publicado este mês na revista científica Pnas, a domesticação de cães no mundo pode ter ocorrido na Sibéria há mais de 23 mil anos.

A conclusão é de uma equipe internacional de pesquisadores liderada pela arqueóloga Dra. Angela Perri, da Universidade de Durham, no Reino Unido, que analisou os registros arqueológicos e genéticos mais antigos da relação entre pessoas e cães.

Segundo a publicação, as primeiras pessoas que cruzaram as Américas há mais de 15 mil anos, originárias do nordeste asiático, estavam acompanhadas de cães.

“A domesticação de cães que ocorreu na Sibéria responde a muitas das perguntas que sempre tivemos sobre as origens da relação homem-cão. Ao juntar as peças do quebra-cabeça que envolve arqueologia, genética e tempo, vemos uma imagem muito mais clara de cães sendo domesticados na Sibéria, depois se dispersando pelas Américas e pelo mundo todo”, disse Angela Perri em um comunicado enviado à imprensa.

Cães foram domesticados por toda a Eurásia

O coautor, professor Greger Larson, da Universidade de Oxford, destacou que pesquisadores já haviam sugerido que os cães foram domesticados por toda a Eurásia, da Europa à China, e em muitos lugares entre essas regiões.

“A evidência combinada de humanos e cães antigos está ajudando a refinar nossa compreensão da história dos cães e agora aponta para a Sibéria e o Nordeste da Ásia como uma região provável onde a domesticação dos cães foi iniciada”, acrescentou Larson.

De acordo com o geneticista e também coautor do estudo Laurent Frantz, da Universidade de Munique, a única coisa que eles sabiam com certeza é que a domesticação de cães não ocorreu nas Américas.

Antes de migrarem para as Américas 

“A partir das assinaturas genéticas de cães antigos, sabemos agora que eles estavam em algum lugar da Sibéria antes de as pessoas migrarem para as Américas.”

Segundo o estudo, a domesticação de cães pode ter ocorrido como consequência de um período em que as populações humanas e de lobos procuravam as mesmas presas.

“Os cães ao entrarem neste mundo completamente novo podem ter feito parte de seu repertório cultural tanto quanto as ferramentas de pedra que carregavam”, avalia o também coautor e arqueólogo David Meltzer, da Universidade Metodista do Sul, situada em Dallas, no Texas.

Clique aqui para ter acesso ao artigo “Dog domestication and the dual dispersal of people and dogs into the Americas”.

Jornalista (MTB: 10612/PR) e mestre em Estudos Culturais (UFMS).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Faça uma doação à Vegazeta.
Sua contribuição é importante para o nosso trabalho.