É mais ético não consumir alimentos de origem animal. Afinal, se somos capazes de viver bem sem nos alimentarmos da privação, sofrimento e morte de criaturas sencientes, não há motivo para continuar contribuindo com essa violência.
Se mesmo diante de todas as informações às quais tive acesso sobre senciência, consciência animal e exploração animal, eu optasse por continuar me alimentando de animais, não faria isso por crer que a minha nutrição demanda o sofrimento e a morte de outras espécies, mas sim porque eu seria alguém reafirmando que o meu paladar, a minha conveniência, está no topo das minhas prioridades.
Acredito que eu colocar uma comodidade historicamente cultural acima do valor da vida de outras espécies, uma comodidade baseada na subjugação, e que deveria ser um bem inegociável considerando seu fim faccioso enquanto bem de consumo, não é apenas injusto como desnecessário de minha parte.
Animais não se oferecem para que possamos esfaqueá-las
Até porque sei que os animais não oferecem suas partes para que possamos esfaqueá-las ou fatiá-las. Por isso, quando encontro partes de animais reduzidas a produtos em mercados, ou onde quer que seja, o que vejo não é um bem de consumo colocado à venda de forma natural ou pacífica, mas sim representações fragmentadas de violência e arbitrariedade.
Experimente contar quantas partes que não pertencem a um mesmo animal você é capaz de encontrar em uma bandeja no açougue. Um quilo de alguma coisa pode representar a morte de quatro ou cinco animais, ou até mais.
Isso não é uma forma de banalização da vida? Vidas ceifadas e partes acondicionadas em um pedaço de isopor com um involucro plástico, ou um saco plástico transparente, normalmente. Creio que a banalização da vida, mesmo quando não humana, diz muito sobre o valor que atribuímos ao que consideramos diferente, inferior e liliputiano.
Não precisamos de nenhum alimento de origem animal
Há animais na natureza silvestre que dependem essencialmente da carne. Esses eu jamais condenaria, pois fazem o que nasceram para fazer na luta pela sobrevivência; e, claro, sem ponderar, já que a eles não cabe nosso discernimento.
Mas nós? Não precisamos de nenhum alimento de origem animal. Somos seres conscientes em condições de adotar uma boa alimentação que não envolva privação, sofrimento e morte.
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