Especialistas alertam que cruel comércio de animais silvestres não pode continuar

(Fotos: Acervo Proteção Animal Mundial)

Segundo a organização Proteção Animal Mundial, todos os dias, milhares de animais silvestres são caçados ou reproduzidos em cativeiro para serem vendidos em um comércio global que movimenta bilhões de dólares. Eles são comercializados como comida, animais de estimação, produtos de luxo, medicina tradicional e entretenimento.

No relatório “Protegendo o planeta de futuras pandemias”, concluído na semana passada e elaborado por especialistas, a organização aponta que, além de cruel, esse sistema está falhando ao permitir a transmissão de doenças zoonóticas.

“Isso porque existem ineficiências nos países do G20 que permitem a retirada de animais silvestres de seus habitats naturais para reproduzi-los em cativeiro e transformá-los em meras mercadorias”, explica.

A Proteção Animal Mundial acusa a Convenção International sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (Cites), principal órgão regulador desse comércio, de não dar importância à prevenção de doenças zoonóticas.

“Há pouca ou nenhuma triagem de doenças de animais selvagens que são importados, permitindo o movimento não detectado de patógenos através das fronteiras globais.”

A entidade também frisa no relatório que o número de pessoas envolvidas na cadeia de abastecimento do comércio de animais silvestres favorece a transmissão de doenças infecciosas.

Há leis causando mais danos do que benefícios

“As leis implementadas pelos países do G20 que têm como objetivo proteger a vida selvagem são ineficazes e, geralmente, causam mais danos do que benefícios”, diz a diretora de engajamento externo da Proteção Animal Mundial, Kelly Dent.

“Os animais sofrem em todas as fases do comércio. Eles ficam extremamente angustiados quando são retirados de seus habitats e, em seguida, são empacotados vivos… Por isso, não é de se estranhar que muitos cheguem mortos ou doentes ao seu destino. Enquanto o foco mundial permanece na vacinação em massa, a prevenção de novos vírus não deve ser ignorada. Afinal, estima-se que mais de 320 mil vírus de mamíferos ainda não foram descobertos”, complementa Kelly.

A organização destaca que estão pedindo exemplos em que as leis diferem entre os países do G20, permitindo brechas entre as fronteiras e demonstrando ainda mais a necessidade de se ter uma abordagem mais holística para acabar com o comércio de animais silvestres.

Reprodução e criação em cativeiro comercial no Brasil

A reprodução e criação em cativeiro comercial de animais silvestres em vários países do G20 – incluindo Brasil, Canadá e África do Sul – é uma preocupação importante em termos de transmissão de doenças zoonóticas.”

A Proteção Animal Mundial pede que os países do G20 se comprometam coletivamente em banir o comércio global de animais selvagens e produtos derivados deles. “Esse compromisso deveria reconhecer que o comércio de silvestres tem um impacto devastador no bem-estar animal, na biodiversidade e nos ecossistemas, além da economia, saúde e segurança.”

A entidade também exige que instituições e organizações globais adotem mecanismos para desenvolver, facilitar, implementar e monitorar essa proibição. “É preciso reconhecer quais países integrantes da cúpula do G20 já implementaram a proibição nacional desse comércio e convocar os outros países a fazerem o mesmo, assim como se comprometer com o  aperfeiçoamento e o desenvolvimento da Saúde Única, Bem-Estar Único.”

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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