Pesquisar
Close this search box.

George Harrison: Matança animal o afastou do consumo de carne

George Harrison: “A carne é uma das piores coisas que qualquer um pode comer” (Fotos: Getty)

Conhecido como “O Beatle Calado”, o britânico George Harrison, que fez história com os Beatles de 1960 a 1970, foi o primeiro dos Garotos de Liverpool a reconhecer como importante a abstenção do consumo de animais. Em 1965, depois de ler um livro que ganhou de um amigo, e que fala sobre a cruel indústria de carne de bezerros e novilhos, Harrison iniciou sua transição para o vegetarianismo.

Essas informações podem ser confirmadas na autobiografia “Wonderful Tonight”, de Pattie Boyd, lançada em 2008. Pattie, que também era vegetariana, foi casada com o guitarrista dos Beatles de 1966 a 1977. Harrison tornou-se tão contrário ao consumo de animais que, em hipótese alguma, permitia que alguém entrasse em sua casa com qualquer tipo de carne.

Em entrevista a David Wigg, do Apple Offices, de Londres, em 8 de outubro de 1969, ele foi questionado sobre isso. “A carne é uma das piores coisas que qualquer um pode comer”, declarou e acrescentou que o vegetarianismo não era uma fase, mas sim algo em que ele realmente acreditava.

No Livro “The Beatles Anthology”, lançado em 2000, há citações em que George Harrison fala da importância que o livro “The Complete Illustrated Book of Yoga”, de Swami Vishnu Devananda, publicado em 1959, teve em sua mudança de consciência. Ele também deixa claro que o vegetarianismo surgiu em sua vida antes do hinduísmo. “Li seu livro depois que me tornei vegetariano. A coisa que me repeliu em relação a comer carne foi a ideia de matar animais”, revelou.

Vegetarianismo tanto moral quanto espiritual

Harrison também comentou acreditar que as doenças humanas vêm de uma dieta que inclui o consumo de alimentos de origem animal. De acordo com o artigo “Beatle George Harrison’s Formula for Spiritual Health”, de Joshua M. Greene, Harrison era vegetariano porque sentia que era contraditório honrar a vida em muitas formas e ainda contribuir com o abate de animais.

“Seu prato favorito era dahl, uma sopa de lentilha que, quando misturada com arroz, forma uma proteína perfeita e um substituto ideal da carne”, escreveu. O vegetarianismo de Harrison era tanto moral quanto espiritual. Para além de uma vida de excessos envolvendo consumo de drogas como cocaína e LSD, ele também buscava ser uma pessoa saudável, embora tivesse dificuldade em abandonar principalmente o álcool e o cigarro.

A inclinação de George Harrison pelo vegetarianismo o levou ao hinduísmo e mais tarde permitiu que ele estreitasse sua relação com músicos indianos como Ravi Shankar e gurus como Maharishi Mahesh, fundador da meditação transcendental. Sendo assim, há quem atribua a Harrison o estreitamento das relações musicais entre Ocidente e Oriente, já que a partir daí muitos artistas se interessaram em fazer parceria com músicos indianos, popularizando o uso de sitar no Ocidente.

George Harrison, que teve uma carreira solo considerada exemplar, com o lançamento de 12 álbuns entre os anos de 1968 e 2002, também costuma ser citado como responsável pela popularização do movimento hare krishna no Ocidente. Ele foi um dos grandes colaboradores da International Society for Krishna Consciousness, conforme informações da edição de 30 de novembro de 2002 do Daily Telegraph.

Saiba Mais

George Harrison nasceu em Liverpool em 25 de fevereiro de 1943 e faleceu em Los Angeles, nos Estados Unidos, em decorrência de câncer de pulmão em 29 de novembro de 2001. Em 2002, o seu filho Dhani, lançou o último álbum de George Harrison – “Brainwashed”.

O seu álbum “Wonderwall Music”, que faz parte da trilha sonora do filme “Wonderwall”, inspirou a banda Oasis a compor uma música homônima que tornou-se um de seus maiores sucessos.

Jornalista (MTB: 10612/PR) e mestre em Estudos Culturais (UFMS).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *