Uma das maiores granjas dos EUA é processada por uso de mão de obra “escrava” e infantil

Crianças trabalhavam em uma granja em Ohio (Foto: Frontline/PBS)

Na última segunda-feira, em Marion, no estado de Ohio, nos Estados Unidos, Pablo Duran Ramirez Jr, de 50 anos, foi a quarta pessoa a se declarar culpada no caso de tráfico humano de crianças que eram forçadas a trabalharem em regime análogo ao escravo. Os menores atuavam em uma granja pertencente a Trillium Farms, um dos maiores produtores de ovos dos Estados Unidos. Por sua participação no esquema, Ramirez Jr pode ser condenado a dez anos de prisão.

Segundo informações divulgadas ontem pela organização The Free Thought Project, registros do tribunal mostram que uma empresa chamada Haba Corporate Services, de propriedade de Ramirez, enviou crianças para trabalharem na Trillium Farms, onde eram fisicamente ameaçadas e forçadas a viverem em condições horríveis.

Pela oferta de mão de obra barata, a empresa do acusado supostamente recebeu seis milhões de dólares. Segundo os promotores, Ramirez estava ciente de que esses trabalhadores eram crianças e ele também sabia das condições e abusos aos quais elas estavam expostas. Quando a granja foi invadida, agentes federais encontraram cerca de 40 trabalhadores no local.

As crianças encontradas na fazenda faziam parte de uma “leva” de 1,5 mil crianças estrangeiras que foram “perdidas” pelo Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos, o que significa que funcionários do governo podem estar envolvidos no esquema. Durante uma audiência sobre a investigação, o senador Rob Portman disse que as agências dos EUA eram responsáveis ​​pelas crianças acabarem nas mãos dos traficantes.

“É intolerável que o tráfico humano – a escravidão moderna – possa ocorrer em nosso próprio quintal. O que torna os casos de Marion ainda mais alarmantes é que uma agência do governo dos EUA foi responsável por entregar algumas das vítimas nas mãos de seus agressores. Quaisquer que sejam seus pontos de vista sobre a política de imigração, todos podem concordar que a administração tem a responsabilidade de garantir a segurança das crianças que estavam sob custódia do governo”, disse Portman.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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