Hermann Hesse e o gato Narziss

(Acervo: Hermann Hesse Stiftung)

Embora seu comportamento ostracista fosse bastante conhecido, já que Hermann Hesse não gostava de receber visitas, o escritor alemão, radicado na Suíça, tinha uma cativante predileção por gatos. Um de seus grandes amigos em uma produtiva fase de sua vida era o gato Narziss (Narciso) que o fazia sentir-se como uma criança, um espírito livre alheio à idade e ao tempo.

Seu companheiro inclusive partilhava do mesmo nome de um dos protagonistas do romance “Narziss und Goldmund” ou “Narciso e Goldmund”, um noviço e racional literato. Na obra publicada em 1930, curiosamente há três analogias e referências poéticas aos felinos:

“Quando sentiu as mãos sobre ela, suas delicadas mãos suaves tão cheias de sentimento, algo que ela nunca tinha sentido antes, sua pele tremeu e sua garganta soou como o ronronar de um gato.”

“A fim de acalmá-la, Goldmund suavemente esfregou sua bochecha contra seu cabelo e acariciou seu quadril e joelho com uma mão tranquila, da mesma forma que um gato faz carícias.”

“O rosto não disse nada, mas a postura e os punhos cerrados disseram muito: incompreensível sofrimento, luta infrutífera contra a inédita dor. Ao lado de sua cabeça, um buraco de gato fora aberto na porta.”

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *