Você já percebeu como a palavra “cativeiro” traz conceitos e significações diferentes dependendo do que falamos? Se você começa o desenvolvimento de um raciocínio falando em cativeiro e refere-se a um humano, antes de você fazer uma menção clara a um relato, as pessoas já o terão associado com um cenário de um refém, uma pobre vítima mantida em um lugar contra a sua vontade. Sendo assim, um ato imoral e criminoso.
Porém, quando falamos de animais criados para consumo, por exemplo, há uma superficialização da situação. Um não humano mantido em cativeiro é apenas um ser fora do seu habitat, o que na significação popular humana fundamentada na dissimulação remete somente a uma “ideia comum” de um “ambiente artificial”; o que para muita gente não é ruim, mas apenas diferente, logo tolerável, transigente – até porque a não experiência e a legitimação por força do hábito são elementos reforçadores.
Isso é o que o antropocentrismo e o especismo fazem com a nossa consciência. Notavelmente, suavizam realidades arrebatadoras de exploração, valendo-se não apenas da nossa ignorância ou insipiência, mas também da nossa predisposição em considerar o nosso benefício ou prazer não essencial acima dos interesses dos outros. Imagine como você se sentiria ao ser obrigado a viver em um cativeiro, sem que isso fosse considerado um ato criminoso.
Gosta do trabalho da Vegazeta? Colabore realizando uma doação de qualquer valor clicando no botão abaixo:
Uma criança viu pela primeira vez um peixe sendo tirado da água. Lutava com o…
Ver o interesse dos animais não significa querer ou fazer com que esse interesse prevaleça,…
Há muito tempo quem mata animais no matadouro é associado à crueldade. Encontramos exemplos em…
Esta semana, quando um boi teve morte súbita a caminho de um matadouro no Paraná,…
Em “A lição de sabedoria das vacas loucas”, Lévi-Strauss cita como Auguste Comte, mais conhecido…
Conheci a história de um homem que trabalhou em um matadouro abatendo cerca de 500…