Italiana usa arte para defender novo olhar sobre os animais

Animais que reduzimos a produtos considerando apenas os nossos interesses (Iustrações: Jade Monica Bello)

Um boi, um porco e uma ovelha flutuam e miram o céu enquanto são reduzidos a alimentos e outros produtos. Suas vidas são “desfiadas” às nossas vontades.

Tudo isso é naturalizado em um cenário bucólico onde acreditamos e fazemos os outros acreditarem que “suas vidas são boas”, ainda que sejam mortos de forma precoce. Até porque um animal que é explorado comercialmente só vive até o momento em que gera lucro.

Infelizmente, uma comum consequência de quando, considerando nossos interesses do paladar e de outras predileções, decidimos que é chegada a hora de morrer, mesmo que as vítimas sejam criaturas saudáveis e desejosas de continuarem vivendo.

Afinal, isso não importa se as vidas desses animais são definidas pela demanda comercial que motiva tanto o nascimento quanto a morte em favorecimento de um consumo não essencial.

É um questionamento a essa realidade que encontramos nas obras da ilustradora italiana Jade Monica Bello que, em vez de expor a violência crua como é nessa cadeia de produção e consumo, o faz com um olhar bem pessoal, sugestivo e lírico.

Jade retrata com uma sensibilidade que clama a pessoas de todas as idades o quanto estamos desconectados dos animais e, por extensão, o quanto são privados de ser quem são e de manifestar suas características naturais em decorrência de supressão e condicionamento.

Por meio de suas obras, é possível reconhecer que a servilidade é uma característica que não deveríamos atribuir a nenhuma criatura senciente, porque fazendo isso desconsideramos sua própria natureza, assim como a nossa capacidade de estender aos animais mais do que uma consideração de conveniência.

Por outro lado, Jade Monica Bello revela esperança em relação a um novo mundo. Prova disso são suas ilustrações em que crianças harmonizam o ambiente junto de animais que ainda são, em grande número, objetificados e reduzidos a produtos. Nesse contexto, ela faz uma referência à importância do entendimento de que estamos no mundo para compartilhá-lo com outras espécies, não para subjugá-las.

“Nasci em Udine, na Itália, em 1985 e trabalho como designer de moda e ilustradora desde 2010. Sou formada em pintura artística e decoração pictórica pelo Liceu Artístico de Treviso e graduada em design de moda pela Universidade Iuav de Veneza”, informa a artista.

E acrescenta: “Em 2013, iniciei o projeto de ilustração ‘I Don’t Eat Grass’ para abordar veganismo e antiespecismo por meio da arte. Meu trabalho é focado especialmente em direitos animais e questões ambientais.”

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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