Não tenho dúvida de que o hábito de consumir carne custa muito mais caro do que o preço disponível ao consumidor no açougue. A foto que escolhi para este texto é um retrato de uma realidade cotidiana que envolve não apenas o suíno da foto, mas milhões deles.
Imagine ser criado em um sistema em que você nasce com cauda, mas a cortam sem anestesia quando você tem de um a três dias de idade. Impossível não reconhecer isso como agressão a um recém-nascido de outra espécie.
A tal “mutilação preventiva” é benéfica à cadeia produtiva e usual porque “evita problemas de conflitos com outros animais” – como o canibalismo. No entanto, é importante entender que esses conflitos são consequências, por exemplo, das condições de estresse em que esses animais vivem.
Imagine o prazer de viver em um ambiente superpopuloso em que você não tem liberdade de circulação e há uma multiplicidade de reações, emoções e sentimentos que acentuam-se com naturais disparidades de personalidades. Afinal, não apenas os seres humanos têm essas diferenças entre si, mas outros animais sencientes também.
Acredito que a imagem em destaque seria adequada para uso em embalagens de produtos associados à carne suína – como bacon, bisteca, costela, presunto, linguiça, etc. Afinal, já está na hora de destacar o que ocorre antes de um produto alimentício chegar às nossas mãos.
Conhecer um pouquinho do que existe por trás do que consumimos nos ajuda a fazer escolhas mais conscientes. E se não as fazemos, pelo menos não poderemos mais dizer que não sabíamos. Ainda creio que a empatia pode ser ampliada de acordo com as informações que recebemos e da forma como expandimos nossa percepção sobre a realidade.
Não dá pra ignorar que só no Brasil são mortos por dia, e citando apenas o sistema industrial, mais de 128 mil porcos, e todos eles passam pelo mesmo processo miserável que é nascer, ser condicionado a crescer em clausura, sem possibilidade de manifestar importantes comportamentos naturais, e morrer em privação para atender predileções alimentares que não podemos chamar de saudáveis.