O vegetarianismo na vida de John Coltrane

John Coltrane tornou-se vegetariano no final dos anos 1950 (Acervo: johncoltrane.com)

No final dos anos 1950, John Coltrane, um dos maiores compositores e saxofonistas de jazz, passou por uma conversão espiritual e também tornou-se vegetariano. Sobre o assunto, o famoso compositor indiano Ravi Shankar escreveu em seu livro “Raga Mala”, publicado em 1997, que John Coltrane era muito diferente de seus contemporâneos:

“Tão limpo, com boas maneiras e humilde. Seis meses antes, ele havia se livrado das drogas e da bebida.” Coltrane foi influenciado pelo compositor de jazz Sun Ra, que o motivou a mudar de vida, aderir ao vegetarianismo e ouvir as composições de Ravi Shankar.

Em seu site oficial, Shankar escreveu que conheceu muitos compositores de jazz, e que a maioria deles tinha algum tipo de vício, mas, apesar disso, John Coltrane era uma pessoa diferente. “Dick Bock [Richard Bock, da Pacific Jazz Records] havia me contado que John tinha abandonado a carne para se tornar vegetariano, e estava lendo os livros de Shri Ramakrishna e praticando ioga.”

O vegetarianismo tornou-se parte de Coltrane

Nicholas L. Baham III, professor da Universidade Estadual da Califórnia e autor do livro “The Coltrane Church: apostles of Sound, Agents of Social Justice”, escreveu que quando Coltrane virou vegetariano, o vegetarianismo tornou-se parte dele e de suas crenças, o que refletiu muito bem em sua música. À época, o compositor também já se posicionava como pacifista.

“A Love Supreme”, lançado em 1965, e considerado um dos maiores discos da história do jazz, manifesta a sua grande transformação de viés espiritual. “Coltrane sentiu que temos que fazer um esforço consciente para efetuar mudanças positivas no mundo, e sua música é um instrumento para a criação de padrões de pensamentos positivos na mente das pessoas”, de acordo com o site johncoltrane.com.

Embora tenha sentido os efeitos positivos de sua nova maneira de viver no final dos anos 1950, John Coltrane faleceu precocemente aos 40 anos, vítima de um câncer de fígado. Acredita-se que a doença surgiu em decorrência do abuso de álcool e heroína até o início da década de 1950.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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