Para cientista, algas ajudarão a substituir a carne

Podemos chamá-las de ‘plantas do futuro’, sem hesitação”, diz Cadoret (Fotos: Reel-R/Universidade de Wageningen)

Um dos destaques da New Food Conference, que será realizada nos dias 10 e 11 de outubro em Colônia, na Alemanha, o cientista Jean Paul Cadoret, diretor científico da Algama e presidente da Associação Europeia de Biomassa de Algas, diz que as algas são potencialmente uma fonte inesgotável de proteínas.

Ainda assim, são organismos ainda pouco conhecidos no mundo. Para se ter uma ideia, hoje, das milhões de espécies que existem no planeta, cerca de 30 são consumidas por meio da alimentação – cinco são microalgas – e menos de 100 para fins de saúde e cosméticos.

Cadoret defende que a partir do cultivo sustentável, o que inclui a demanda por poucos recursos naturais, esses organismos podem ajudar na reforma do atual sistema alimentar que vem gerando enorme impacto ambiental principalmente em consequência da produção de alimentos de origem animal.

A observação foi feita na semana passada em entrevista à organização ProVeg International. “O potencial biológico explorável das algas está em grande parte em sua singularidade: têm alto teor de proteína, bem como processos enzimáticos desconhecidos e atípicos”, frisa Cadoret, que é doutor em biologia molecular e ciência marinha.

“É possível extrair ingredientes de algas em grandes quantidades, aproveitando assim uma fonte potencialmente inesgotável de proteína alternativa. Além disso, as algas podem fornecer todos os nutrientes necessários para uma dieta balanceada, incluindo minerais essenciais e oligoelementos – e, quando aproveitadas corretamente, sem sacrificar o sabor.”

O cientista avalia que por enquanto o uso de algas para alimentação é bem limitado. “Ainda há muito potencial inexplorado para desenvolvimentos da extração e processamento de algas a fim de aproveitar o seu valor nutricional.”

As algas são as ‘plantas do futuro’

Para o Dr. Jean Paul Cadoret, os produtos alimentícios à base de algas não são destinados apenas a quem tem algum tipo de preocupação com a própria dieta alimentar. É uma oportunidade de aumentar significativamente a produção mundial de alimentos, gerando impacto positivo para os oceanos e para o planeta.

“As algas contribuem enormemente para a manutenção de ecossistemas saudáveis. Elas absorvem o excesso de CO2 na coluna de água, usam nitratos e fosfatos lançados no mar e fornecem refúgios e áreas de desova para organismos vivos”, explica.

“Elas são, portanto, alguns dos meios mais promissores para conter os desequilíbrios atuais e previstos. Além disso, corrigem solos marinhos e atenuam ondas violentas. E, por último, mas não menos importante, não competem por terras agrícolas.”

Ele cita que a diversa biologia e biodiversidade das algas permite que evoluam em habitats e ambientes extremos. “Essa imensa diversidade, revelada após décadas de pesquisa, oferece um vasto campo de possibilidades para aplicações biotecnológicas. Podemos utilizar esse poder biológico e bioquímico para produzir óleos, vitaminas e até hidrocarbonetos e plásticos biodegradáveis. Podemos chamá-las de ‘plantas do futuro’, sem hesitação”, aponta.

“Estamos apenas começando a ver o potencial para aplicações das algas. Além da aquicultura, onde são utilizadas como ração para piscicultura e carcinicultura, ainda são poucas as iniciativas de algas no setor alimentício. Mas isso vai mudar. As algas oferecem uma infinidade de oportunidades para aplicações biotecnológicas.”

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Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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