Notícias

Proposta legislativa exige cancelamento do registro de agrotóxicos com glifosato

Desde 2015 a Organização Mundial de Saúde (OMS) concluiu que o glifosato é “potencialmente cancerígeno” (Foto: Alejandra Bartoliche)

O deputado João Daniel (PT-SE) protocolou hoje uma proposta legislativa na Câmara dos Deputados que exige o cancelamento do registro de agrotóxicos com o ingrediente ativo glifosato até que seja comprovado que não causa danos à saúde humana, animal e ao meio ambiente.

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o glifosato é um herbicida não seletivo, sistêmico, pós-emergente que apresenta eficiência na eliminação de ervas daninhas, sendo o agrotóxico mais utilizado no Brasil, com mais de 173 milhões de toneladas do ingrediente ativo comercializadas só no ano de 2017.

Mas a justificativa para o projeto contra o uso de glifosato é que desde 2015 a Organização Mundial de Saúde (OMS) concluiu que o glifosato é “potencialmente cancerígeno”. Além disso, em agosto do ano passado, a Monsanto já havia sido condenada em primeira instância pela Justiça dos EUA a pagar cerca de 1,1 bilhão de reais a Dewayne Johnson, que desenvolveu câncer enquanto utilizava um herbicida à base de glifosato da empresa.

Já este ano, um júri em San Francisco (EUA) decidiu que o uso de glifosato foi um fator importante no desenvolvimento de câncer (linfoma não Hodgkin) no californiano Edwin Hardeman, de 70 anos, que usou o herbicida com regularidade entre os anos de 1980 e 2012. Só a Monsanto já contabilizava em 2018 mais de cinco mil processos semelhantes nos EUA.

Outro ponto a se considerar é que recentemente o Ministério da Saúde encomendou um estudo com três dos dez pesticidas mais utilizados na agricultura brasileira. A conclusão do Instituto Butantan foi de que não há dose mínima segura para consumo de agrotóxicos. Além disso, o uso de glifosato tem sido cada vez mais associado à mortandade de abelhas.

“Agora, em 9 de julho deste ano, a Anvisa divulgou os resultados de uma consulta pública sobre o uso do agrotóxico glifosato, em que a maioria das pessoas ou instituições que participaram pediu a proibição do produto no país. Levando em conta o Princípio da Precaução, entendemos que deva ser imediatamente proibida a importação, fabricação e utilização de produtos que tenham em sua composição o glifosato como princípio ativo”, justifica João Daniel, autor do Projeto de Lei 4228/2019. Só este ano o governo brasileiro já liberou o registro de 290 agrotóxicos.

David Arioch S.A. Barcelos

Jornalista (MTB: 10612/PR) e mestre em Estudos Culturais (UFMS).

Posts Recentes

Devemos apoiar a exploração não capitalista de animais?

Devemos apoiar a exploração não capitalista de animais? Hoje muito do que é discutido sobre…

1 dia ago

No século 19, ovelhas eram arrastadas para abrir passagem entre o fogo

No século 19, durante os incêndios nos Pampas, ovelhas eram laçadas e arrastadas para abrir…

2 dias ago

Quando testemunhei um homem pelando um porco

Há algum tempo, enquanto eu visitava uma horta, um homem na propriedade rural vizinha usava…

3 dias ago

É um equívoco dizer que um animal é de laboratório

O que é um “chimpanzé de laboratório”? E um “rato de laboratório”? Ao me deparar…

4 dias ago

O problema para o animal está em ser escolhido para ser morto

Se alguém é escolhido para ser morto, o que importa é como será morto e…

5 dias ago

Quando a vaca não tinha mais leite a enviaram para o matadouro

Quando a vaca não tinha mais leite e estava debilitada decidiram enviá-la para o matadouro.…

6 dias ago