Há uma imagem (publicada pelo G1) do rodeio de Barretos (SP), que terminou no domingo (25), que serve para pensar o conflito entre o interesse do touro e o do peão. O homem cai e a reação do touro é ir para cima dele.
O touro se posiciona para atingir o humano. Quem pode dizer que essa imagem não evidencia que o querer de um é o não querer do outro? A expressão do touro traz em si a reprovação, o não consentimento, a não cumplicidade.
O peão já não está em posição de domínio sobre o animal, está embaixo, vulnerável. Os papéis se invertem. O touro quer garantir que se manterá livre do humano e de tudo que sobre essa ação é indesejado. Todo seu corpo move-se para esse fim.
Afinal, o touro agiria assim se o desejo humano estivesse em conformidade ao seu? Essa imagem evidencia bem a diferença de interesses na arena. O humano, reconhecendo a força não humana, busca escapar à reação que ele provocou.
O humano se apequena diante do touro, fica de quatro, na posição comum ao touro e em que somente o touro pode prevalecer. Mas isso dura pouco e também não livra o touro definitivamente da imposição da prática.
O peão é pisoteado, mas sobrevive. Enfim, precisamos somente observar com honestidade a reação de um touro para compreender como o touro reprova o rodeio.
Leia também “Mortes em rodeios refletem a crueldade da prática“.