Há anos a artista britânica Sue Coe, radicada nos Estados Unidos, criou uma ilustração que representa os últimos instantes de um bezerro antes do abate.
O animal, tipificado como “subproduto da indústria leiteira”, aparece hesitante e assustado enquanto as figuras humanas se mostram indiferentes ao temor animal – acostumadas com a realidade em que seres não humanos criados para consumo não simbolizam nada mais do que um meio para um fim.
De um lado, alguns bezerros sobressaltados observam com olhos intumescidos e suplicantes a insensibilidade humana. Do outro, testemunham a inação do bezerro desconcertado na pista.
As paredes brutas
Os jovens bovinos à esquerda, que parecem trocar olhares com a próxima vítima, estão mais imersos nas sombras; evocando uma ideia de choque que referencia uma desilusão e ausência de consideração representada pelo homem que se distrai com um cigarro na boca, ignorando tudo que está logo atrás.
As paredes brutas, o isolamento, o ambiente soturno, que impelem ou sugerem, porém não revelam o que existe mais adiante, também funcionam como analogia ao fato de que o animal é morto de forma traiçoeira, além do cenário favorecer o impedimento do animal em saber o que acontece com aqueles que antes passaram pelo mesmo local.
O espectador não ver a face do animal pode permitir inúmeras releituras – que vão desde a despersonalização, afinal, as pessoas ignoram as faces animais por trás do leite e da carne, até a dissociação entre vida animal não humana e o caráter identitário.
Quem é Sue Coe?
Nascida em 21 de fevereiro de 1951, a artista e ilustradora Sue Coe, importante referência em arte sobre direitos animais, cresceu perto de um matadouro em Tamworth, Staffordshire, na Inglaterra. A experiência fez com que ela desenvolvesse um grande interesse em sensibilizar as pessoas sobre a crueldade contra os animais.
Sue Coe estudou ilustrações e arte comercial na Chelsea School of Art e na Royal College of Art, em Londres. Quando se mudou para Nova York em 1972, aos 21 anos, ela decidiu enveredar pelo caminho do artivismo, ou seja, começou a produzir arte como uma ferramenta de ativismo político.
Autora de livros de ilustrações como “Dead Meat”, de 1995; “Pitt’s Letter”, de 2000; “Sheep of Fools”, de 2005; “Cruel: Bearing Witness to Animal Exploitation”, de 2012; e “The Animals’s Vegan Manifesto”, de 2017, ela contribuiu para que milhares de pessoas se tornassem vegetarianas e veganas por meio de sua arte engajada na defesa dos direitos animais.
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