Deputado do PL afirma que é possível conciliar rodeios e bem-estar animal

Josimar Maranhãozinho (PL-MA) diz que quer fortalecer a imagem do rodeio como prática cultural que "respeita os direitos dos animais"

Mesmo que o rodeio seja uma imposição a tantos animais, já que eles não participam de forma voluntária dessa prática, o deputado Josimar Maranhãozinho (PL-MA) defende que é possível conciliar rodeios e bem-estar animal.

Em vez de defender a proibição dos rodeios, que seria uma forma mais coerente de defesa do bem-estar animal em oposição à exploração com fim de espetacularização, o deputado sustenta no Projeto de Lei (PL) 1238/2025 que isso não é necessário.

Para Maranhãozinho, que também é membro da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), basta “prevenir ferimentos e doenças por meio de instalações, ferramentas e utensílios adequados”. Segundo ele, assim fica “vedada qualquer prática que comprometa o bem-estar dos animais”.

Mas que interesse pode ter o animal que é vítima do rodeio em participar do rodeio? Como isso pode beneficiá-lo? Essas perguntas não são respondidas por Josimar Maranhãozinho no projeto de lei que ele diz ter sido criado para “defender os interesses dos animais”.

O autor da proposta argumenta ainda que a finalidade é tornar obrigatória a adoção de medidas para garantir que os animais sejam tratados com respeito e com cuidado. Mas o respeito e o cuidado não seriam praticados de forma mais coerente não submetendo esses animais aos rodeios?

Ele também sustenta que é possível garantir que atividades paralelas ao evento, como apresentações musicais, não impliquem em ruído excessivo, iluminação ou espetáculos pirotécnicos que perturbem os animais. E a narração? Agitação dos peões e do público? É possível fazer um rodeio silencioso, com pouco uso de luzes?Afinal, o objetivo é a espetacularização da situação do animal.

Todas as observações trazidas no projeto de lei para supostamente garantir o “bem-estar dos animais” não podem ser asseguradas e ratificam que a forma mais prática de garantir o bem-estar animal em relação aos rodeios é por meio da abolição dos rodeios.

No entanto, Josimar Maranhãozinho prefere insistir na contradição:

“A proposta tem como objetivo assegurar que, enquanto manifestações culturais, tais eventos sejam conduzidos de maneira ética e responsável, promovendo a saúde e a dignidade dos animais envolvidos. Com essas mudanças, espera-se não só melhorar as condições dos animais durante as competições, mas também fortalecer a imagem desses esportes como uma prática cultural que respeita os direitos dos animais.”

Mas uma atividade pode ser chamada de esporte sem participação voluntária dos animais?

Clique aqui para opinar sobre o projeto de lei.

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Jornalista (MTB: 10612/PR), mestre em Estudos Culturais (UFMS) com pesquisa com foco em veganismo e fundador da Vegazeta.

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