“No Other Land”, documentário vencedor do Oscar e lançado no Brasil com o título “Sem Chão”, apresenta cenas que contestam a autoproclamação de Israel como “o país mais vegano do mundo”. No filme, soldados israelenses matam intencionalmente animais no território palestino de Masafer Yatta, na Cisjordânia.
Há imagens de destruição de casas de palestinos que são seguidas pela chegada de pás carregadeiras que esmagam não apenas os espaços habitados também por animais como os próprios animais. Mesmo diante das súplicas dos moradores, soldados israelenses não veem problema em esmagá-los.
Em uma das cenas, uma senhora aponta para uma ave que, ferida, parece ser a única sobrevivente sob os escombros deixados pela máquina. A história se repete outras vezes ao longo do documentário.
Há vários momentos em que testemunhamos os animais tentando fugir da destruição, já que há dias em que, de acordo com o que é mostrado, sequer é permitido que os moradores tirem os animais do local antes da demolição que visa expulsar os palestinos sob alegação de ser uma área usada por Israel para treinamento militar.
Essas ações são vistas como uma estratégia de intimidação e intensificação do terror. Acredita-se que se os palestinos são tratados como inimigos, os animais são vistos como meros danos colaterais.
Há denúncias também de que soldados israelenses também já invadiram casas palestinas em operações noturnas e mataram animais na frente das famílias, como forma de intimidação.
Enquanto isso ocorre, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu posa ao lado de empresários israelenses que estão investindo no desenvolvimento de alternativas aos alimentos de origem animal, ou seja, live de crueldade animal – o que expõe uma grande contradição.
Embora “No Other Land” seja hoje a obra audiovisual de maior visibilidade a expor também essa realidade nos conflitos entre Israel e Palestina, algumas organizações já denunciaram a crueldade praticada pelo Exército de Israel contra animais em territórios palestinos.
Em 2022, a organização israelense B’Tselem denunciou que soldados israelenses destruíram currais, deixando ovelhas e cabras sob os escombros em territórios palestinos, além de destruírem a ração armazenada para alimentá-las.
Em 2021, a ONU registrou que Israel bloqueou a chegada de socorro veterinário à região, algo que também foi denunciado pela B’Tselem. No mesmo ano, soldados foram flagrados atirando em burros no Vale do Jordão.
Em 2020, militares israelenses mataram centenas de ovelhas de famílias beduínas, conforme a mesma entidade. Em 2019, a Al Jazeera também divulgou um vídeo da morte de um burro por soldados israelenses. Em 2016, a ONG Combatants for Peace denunciou que o Exército de Israel matou burros em Hebrom, maior província palestina, sob a alegação de que “poderiam transportar armas”.
Para deixar também animais sem alimentos e água, soldados e colonos israelenses também já foram flagrados queimando plantações e bloqueando ou destruindo o sistema de fornecimento de água. Em “No Other Land” também há imagens que expõem essa realidade.
As denúncias de crueldade contra animais praticada por Israel em território palestino já foram feitas também pelo jornal israelense Haaretz e pela revista digital independente +972 Magazine, sediada em Israel.
Há também vídeos no YouTube que expõem essa realidade – como o chocante “Israeli forces kill entire Palestinian family and their animals in Khan Younis”.
Saiba Mais
Muitos dos animais mortos por Israel em territórios palestinos eram galinhas (imagem em destaque logo acima), cabras e ovelhas.
“No Other Land” é dirigido por Basel Adra, Yuval Abraham, Hamdan Ballal e Rachel Szor.
Observação
Como muito já foi dito e publicado sobre o filme, optei por uma abordagem não usual, que diz respeito ao impacto contra não humanos e que não tenho visto sendo referenciado em artigos e outras publicações sobre o documentário.
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