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Pesca esportiva também é cruel

Qual animal deseja ser pescado?

Foto: Pixabay

A “lógica” da “pesca esportiva” é exemplo de como uma prática nociva aos animais é romantizada – o que só é possível pelo lugar de distanciamento e inconsideração em que são colocados tantos animais. Afinal, é justificável retirar um animal de seu habitat apenas para mostrar que podemos fazê-lo?

E fazer isso é impor uma experiência antinatural, que não deixa de ser uma ameaça à sua vida, como mantê-lo fora da água por um tempo que, sem dúvida, duvido que alguém possa definir como agradável. Podemos ponderar também sobre os “instrumentos” utilizados que causam perfuração – logo ferem o animal.

Qualquer pessoa que já viu um peixe capturado dificilmente afirmaria ter visto nele uma expressão de contentamento, não importando se o fim era devolvê-lo ou não à água. Enquanto pode, a energia do peixe é sempre voltada à resistência. Dizer que captura-se um animal com o objetivo de “devolvê-lo” limita-se à percepção humana sobre o que é imposto ao animal.

Mas, para o animal que é capturado, como a “pesca esportiva” difere da “pesca não esportiva” se o que é relevante para o animal é o mal da ação, e não a motivação para esse mal? Em qualquer situação em que humanos tentam capturar um peixe a resistência do animal será inevitável, independentemente da motivação humana.

Muitas pessoas acreditam que está tudo bem em ferir peixes, relativizando uma experiência de dor, desde que eles sejam devolvidos ao seu habitat. Há uma crença de que a dor é reparatória por si, negando também o reconhecimento dessa experiência como nociva para o animal.

Isso não é superficializar a consequência da ação? É como dizer que há dores que são passíveis de imposição pelos “benefícios” humanos que podem proporcionar. É justificável ferir outros animais pelo prazer da exposição de um corpo vulnerável?

Há uma crença de que se não matamos um animal em uma prática, e porque essa não é a finalidade, o impacto é mais aceitável, rejeitando o que se constitui o “não matar”. Em que momento essa percepção considera mais o que é um mal para o animal do que aquilo que é conveniente ao ser humano e sem ser imprescindível?

Leia também “Não há nada de esportiva na pesca esportiva“, “Quando uma criança viu o sofrimento de um peixe“, “Peixe também é carne” e ” Por que subestimar o sofrimento dos peixes?”

Jornalista (MTB: 10612/PR) e mestre em Estudos Culturais (UFMS).

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