Em 2021, não deveria ser novidade para ninguém no Brasil a associação entre agropecuária e desmatamento, já que é a atividade agrícola que demanda mais terras no mundo.
No entanto, não deixa de ser surpreendente que 80% das áreas desmatadas no país são, de imediato, ocupadas por pastagens, conforme dados divulgados pela organização WWF-Brasil.
Ainda assim, mesmo com um percentual tão alto, e que a cada ano chama mais atenção do mundo, no Brasil não há garantia de que a carne que chega ao consumidor é livre de desmatamento ilegal. Esse fato motivou a Coalizão Brasil a elaborar o estudo “A rastreabilidade da cadeia da carne bovina no Brasil”.
O trabalho concluído este ano aponta que somente a rastreabilidade completa da cadeia permitirá identificar os responsáveis por desmatamento e outros crimes ambientais e sociais associados a esse tipo de produção.
No entanto, não é um trabalho que vê a produção e consumo de carne exatamente como um problema, mas sim a maneira como isso tem sido feito.
Então é importante lembrar que um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que o Brasil tem mais de 350 milhões de hectares ocupados por atividades agropecuárias.
Desse total, 200 milhões são apenas de pastagens, e um grande percentual dessas áreas já sofre as consequências da degradação associada ao mau uso da terra.
Em 2019, o especialista em solo e paisagem do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Abdelkader Bensada, alertou que estamos perdendo solo em áreas agrícolas 10 a 40 vezes mais rápido que a taxa de sua formação.
Como consequência, essa perda que hoje mais do que nunca também tem relação com a agropecuária, que utiliza a maior parte das terras agricultáveis não apenas do Brasil, mas do mundo, compromete a segurança alimentar.
De acordo com dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), vinculado ao Observatório do Clima, a agropecuária gerou 72% das emissões de dióxido de carbono (CO2) do Brasil em 2019.
Os dados são preocupantes, considerando que isso significou 598,7 milhões de toneladas do gás de efeito estufa que é determinante para elevar a temperatura média global.
Não podemos ignorar também as emissões de metano, já que cada bovino libera de 30 a 50 galões por dia desse gás de efeito estufa considerado até 30 vezes mais potente que o dióxido de carbono.
Por mais bem-intencionado que seja um estudo que destaque a importância da rastreabilidade da cadeia de produção de carne, apenas coibir o desmatamento ilegal não resolve o problema.
Afinal, vivemos em um país onde as mais drásticas consequências impostas pelo setor agrícola ao meio ambiente estão associadas de várias maneiras à produção de alimentos de origem animal.
A agropecuária não é insustentável apenas em consequência do desmatamento, mas também de desperdício de outros recursos naturais, por promover degradação e subutilização de muitas áreas e por gerar grande descarte de resíduos animais.
No geral, os custos ambientais de produção de alimentos de origem animal são sempre muito maiores do que qualquer sistema voltado, por exemplo, à produção de vegetais que podem ser fontes de proteínas alternativas.
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O sonho dos pecuaristas é que o Planeta se transfome em uma só pastagem onde animais continuem sendo explorados, inseminados artificialmente e sofregamente mortos, esquartejados, mastigados, repetindo-se infinitamente o ciclo macabro dos senhores da vida e da morte que à medida que engordam a pança e a conta bancária, mais se empobrecem, enquanto ficam cada vez mais velhos para morrer um dia, sem nada levar daqui, nem mesmo o celular.