Rutger Hauer atuou por décadas em defesa das baleias

“Rutger foi um pastor do mar, um herói para o planeta e uma pessoa verdadeiramente maravilhosa” (Foto: Getty)

Falecido no dia 19, o ator holandês Rutger Hauer, sempre lembrado por filmes como “Blade Runner” e “O Feitiço de Áquila”, tem uma faceta de sua vida pouco conhecida por quem não conhece sua trajetória fora do cinema.

Hauer, que dizia que há uma maré cósmica e um entendimento psíquico com o qual muitas vezes não sabemos como lidar, atuou por décadas em defesa das baleias, inclusive como apoiador e membro do conselho honorário da organização Sea Shepherd.

Em maio de 1997, quando já se posicionava contra a matança de baleias, o ator visitou duas vezes o capitão Paul Watson, fundador da Sea Shepherd, em uma prisão em Lelystad, a pouco mais de 80 quilômetros de Amsterdã, na Holanda.

Watson havia sido preso por afundar um dos ilegais navios baleeiros noruegueses – o Nybraena. “Estive preso por 120 dias e recebi um apoio incrível do público holandês e mais notavelmente de Rutger Hauer, que ajudou a mobilizar outras celebridades e a corte holandesa, que decidiu me libertar sem extradição para a Noruega”, publicou o fundador da Sea Shepherd em sua página no último dia 24.

Tanto sobre o seu trabalho como ator como também sobre a natureza humana, Hauer classificava como uma das coisas mais difíceis chegar a um nível em que você consegue enxergar o que não está na superfície.

Em 2012, Hauer participou de um curta contra a caça às baleias intitulado “Requiem 2019”, dirigido pelo escultor e cineasta Sil van der Woerd. Durante a produção, o ator disse que seu fascínio pelas baleias surgiu quando ele ainda era uma criança.

“Um dia, durante uma viagem de barco, olhei diretamente nos olhos de uma baleia. É algo que todo ser humano deve experimentar. Não devemos permitir a destruição desses animais. Sil e eu simplesmente tivemos de fazer algo para impedir que as pessoas caçassem essas maravilhosas criaturas”, justificou o ator.

No curta, uma baleia em terra firme fica cara a cara com um homem, interpretado por Rutger Hauer, que personifica a fonte de destruição desses animais marinhos. Com requinte poético e uma fotografia onírica, o filme mostra que quando matamos as baleias também matamos nós mesmos.

Em outro vídeo, “Artists for Sea Shepherd”, o ator apontou que desde o início dos tempos as baleias têm sido maravilhosas para a humanidade, mas que nós esforçamos para não reconhecer isso.

Ele lamentou que começamos a caçá-las por suas peles, óleo, produção de cosméticos e carne – como no caso dos japoneses. E associa a crueldade contra esses animais com as consequências que enfrentamos hoje inclusive envolvendo poluição e mudanças climáticas.

“Em 2006, Rutger estava em um set de cinema na Cidade do Cabo e aproveitou para levar toda a equipe do Farley Mowat [navio da Sea Shepherd] para uma noite de jantar e bebidas. Em 2013, quando voltei do meu exílio de 15 meses no mar, Rutger, junto com James Costa, organizou um jantar em Hollywood para me receber”, lembrou Paul Watson.

E acrescentou: “Quando precisávamos dele, ele estava lá para nós e para as baleias e para outros cidadãos do mar. Sempre generoso, sempre solidário e sempre com um sorriso. Ele era um bom amigo. Naveguei com ele em alguns fins de semana na baía de Santa Monica e compartilhei histórias e experiências de vida. Rutger foi um pastor do mar, um herói para o planeta e uma pessoa verdadeiramente maravilhosa.”

Saiba Mais

 Rutger Hauer apoiou a organização em defesa da vida marinha Sea Shepherd por 22 anos.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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