Alimentar-se de animais é uma forma de consumo consciente? Há um estreitamento no uso do termo e em seu conceito, ainda que “consciente” implique em reconhecimento de impactos nocivos e evitáveis, de um alargamento de possibilidades a partir do entendimento do que podemos fazer se tivermos disposição.
Hoje usa-se mais o termo associado a questões de sustentabilidade que podem ou não ser convenientes. Por exemplo, a redução ou descarte adequado de plástico e de ingredientes classificados como nocivos ao meio ambiente; de rejeição às más práticas ambientais que podem prejudicar primeiro pessoas em situação de maior vulnerabilidade.
No entanto, por que “consumo consciente” não é também sobre os impactos que causamos aos animais, não somente (ainda com alcance bem limitado) sobre o quanto pode ser insustentável consumi-los ou usá-los para fins de consumo?
Dizemos que eles comem demais, que geram resíduos demais, que usam espaço demais, que geram CO2 equivalente demais e outros mais que podem até fazer pessoas acreditarem que os vilões são os animais, que nasceram para gerar impacto nocente. Mas não vejo nada de nocivo em relação a esses animais, e sim em relação à finalidade que é (ir)razão de sua criação.
Esses animais não estão aqui por seus próprios fins. Eles têm seus fins determinados para nossos fins. Então entendo que “consumo consciente” demande uma expansão e transição para um “consciente” não homocêntrico, em que compreendemos que qualquer mal evitável que causamos aos animais, e devemos pensar em todos aqueles que são alvos de uso e abuso, requer uma mudança que vá além do “sobre nós”.
Afinal, como posso dizer que sou adepto do “consumo consciente”, se o meu “consciente” é o meu “inconsciente” em relação a quem, por conveniência, prefiro preservar insciência? Não vejo plausibilidade no “consumo consciente” se associa-se a práticas que são males evitáveis. Por isso, julgo necessário o realinhamento do que determinamos como “consciente”, que deve ser demanda mais justa e holista à consciência.