Brasil: Mais de seis bilhões de animais foram enviados aos matadouros em 2020

Maiores vítimas em números de indivíduos são os frangos, seguidos pelos suínos e então bovinos (Fotos: ESP/Aitor Garmendia/Tras Los Muros)

No Brasil, mais de seis bilhões de animais foram enviados aos matadouros em 2020, e considerando as espécies mais consumidas. Ou seja, frangos, suínos e bovinos.

Chegamos ao total de 6,037 bilhões depois de calcular os quatro levantamentos trimestrais da pecuária feitos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que neste mês de fevereiro apresentou os últimos números referentes a outubro, novembro e dezembro de 2020.

Isso significa que por mês foram mortos no Brasil mais de 503 milhões de animais. Não podemos ignorar também que esses números referem-se a frangos, suínos e bovinos abatidos em matadouros regulares, ou seja, em situação considerada como não ilegal ou clandestina.

Mais de 16,76 milhões de mortos em um dia 

As maiores vítimas em números de indivíduos são os frangos, seguidos pelos suínos e então bovinos. Todos eles passam por um suposto processo de insensibilização que, dependendo da espécie, consiste em perfuração do crânio para inutilização do cérebro ou ser submetido a choques (eletronarcose) que precedem a degola.

Mais de seis bilhões de animais abatidos em um ano também significa mais de 16,76 milhões de mortos em um dia e mais de 698 mil por hora.

Ou seja, se olharmos para o relógio daqui 60 minutos, poderemos reconhecer que mais centenas de milhares de animais estarão mortos para consumo apenas no Brasil. São criaturas sencientes que algumas horas antes estavam vivas, respirando, observando algo e manifestando algum tipo de anseio que, sem dúvida, não incluía morrer de maneira precoce.

Vidas curtas, lucro e paladar

Longe da exploração poderiam viver por 10, 15, 20 anos, dependendo da espécie. Embora reduzidos a alimentos e outros produtos, tinham condições de fortalecer seus vínculos sociais, experimentar mais a vida, e não morrer com idade a partir de um mês (no caso dos frangos), com quatro ou cinco meses (no caso dos porcos), a partir de 18 meses (no caso dos novilhos) ou 30 meses (bois).

No entanto, esses animais são trazidos ao mundo para atender apenas interesses econômicos e predileções do paladar. Têm vidas curtas pautadas em condicionamento e exploração.

Por isso, são submetidos desde o nascimento às determinações de produtividade da pecuária, que não os considera como indivíduos, mas apenas meio para um fim – o lucro, que surge como resultado do desejo da população por carne e por outros alimentos de origem animal.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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