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Campanha pelo fim do Festival de Carne de Cachorro de Yulin ultrapassa 2,9 milhões de assinaturas

Ativistas chinesas tentam evitar que cães sejam abatidos para consumo no Festival de Yulin (Fotos: HSI)

Um abaixo-assinado criado pelo movimento Nação Vegana Brasil que pede o fim do Festival de Carne de Cachorro de Yulin, na China, ultrapassou 2,9 milhões de assinaturas.

“Essa matança terrível que ocorre durante o festival tem que parar. E nós, brasileiras e brasileiros, queremos ter nossas vozes ouvidas”, defende a ativista Raquel “Kaz” Sabino, responsável pela iniciativa na plataforma Change.org.

De acordo com informações da organização Humane Society International (HSI), ativistas chineses também continuam fazendo apelo para o fim da crueldade animal no Festival de Lichia e Carne de Cachorro, mais conhecido como Festival de Yulin, que costuma ocorrer de 21 a 30 de junho.

A oposição ao evento que passou a ser realizado em uma área central conhecida como Mercado Nanchao é amparada em uma medida do governo chinês que excluiu em maio de 2020 os cães da lista de animais que podem ser criados, comercializados e transportados para fins de consumo. Vale lembrar também que gatos também são consumidos no festival.

Segundo o especialista em política chinesa da HSI, Peter Li, em 2020, em decorrência do novo coronavírus e do temor de alguns comerciantes, houve grande queda no fluxo de animais e visitantes do festival. Ele cita como exemplo que em anos anteriores milhares de cães que seriam abatidos poderiam ser vistos chegando no mesmo dia, o que, segundo Li, foi bem diferente no ano passado.

“Minhas mãos tremiam”

A ativista chinesa Jenifer Chen relata que em 2020 encontraram uma barraca que ainda mantinha cães vivos para o abate. Ao questionar o proprietário sobre a procedência dos animais, ele deixou que levassem os filhotes embora.

“Eu não poderia acreditar que esses filhotes amigáveis ​​e inocentes seriam mortos para consumo se não estivéssemos lá, e não posso acreditar que alguém iria querer comer essas criaturas adoráveis. Essa foi a minha primeira viagem a Yulin e o que vi no mercado realmente me chocou. Minhas mãos tremiam quando tirei o primeiro filhote da gaiola”, garante Jenifer.

E acrescenta: “As pessoas geralmente assumem que essas cenas horríveis são normais para a maioria dos chineses, mas simplesmente não é verdade. Fiquei tão chateada ao ver os filhotes sob o sol escaldante do verão, mas feliz por termos conseguido salvá-los do matadouro. Como o governo chinês disse, esses filhotes não são animais para consumo, e cidades como Yulin devem acabar com esse vergonhoso comércio de carne de cachorro.”

Este ano a organização China Rescue Dogs, fundada nos EUA, já resgatou dezenas de cães que poderiam ser abatidos e comercializados no Festival de Yulin. Até maio, a entidade resgatou 181 animais, mas pretende ir muito além neste mês de junho.

Clique aqui para apoiar o abaixo-assinado contra o Festival de Carne de Cachorro.

David Arioch S.A. Barcelos

Jornalista (MTB: 10612/PR) e mestre em Estudos Culturais (UFMS).

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