Cerdas de pelo de porco são usadas em escovas de dente

Rio Grande do Sul é o maior importador de cerdas de origem suína

No Brasil, cerdas de origem suína, ou seja, baseadas em pelos de porcos, um subproduto resultante do abate desses animais, ainda são utilizadas na fabricação de escovas (para cabelos, uso dental ou cosmético e para polimento) e pincéis (para uso cosmético, pintura e limpeza), entre outros produtos, embora existam diversas alternativas.

De acordo com dados da plataforma Agrostat do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), empresas brasileiras têm aumentado a importação de cerdas de porcos para fins industriais, com o Rio Grande do Sul ocupando a primeira posição – 76% do total. Na sequência, estão Pernambuco, São Paulo, Santa Catarina e Paraná.

Essas cerdas são consideradas produtos de fácil disponibilidade e comercialização em países que têm números bastante elevados de criação e abate de suínos. Existe a possibilidade de que no futuro o Brasil comece também a processar cerdas de pelos de porcos, já que há anos é o terceiro país do mundo que mais abate suínos – com Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul como estados líderes, na ordem do primeiro ao terceiro lugar.

Vale lembrar que na década de 1930 o náilon passou a ser utilizado como alternativa às cerdas suínas, tornando esse uso dispensável. Ainda assim, e mesmo havendo outros materiais sendo utilizados hoje, como o polibutileno tereftalato (PBT), polipropileno (PP), polietileno tereftalato (PET), fibra de carbono e silicone, além das novas opções de origem vegetal, as cerdas baseadas em pelo de porco não foram abolidas. Ou seja, ao reduzir esses animais a meios de obtenção de carne, isso acaba por motivar também outros usos.

Outro exemplo que reforça isso é a gelatina, tão consumida no Brasil e baseada no colágeno obtido a partir da pele, cartilagens, tendões e ossos de animais como os porcos. O mesmo pode ser dito sobre sabonetes que utilizam sebos de animais (sob nomes que não trazem clareza ao consumidor), o que inclui também o que é obtido a partir do abate de porcos.

Para evitar esses produtos, busque por opções que deixem claro que não há nada de origem animal na composição.

Saiba Mais

Só em 2023, empresas brasileiras importaram 183 toneladas de cerdas de origem suína para fins industriais.

As cerdas importadas também podem ser provenientes de javalis ou animais híbridos como o javaporco.

Leia também “Quantas pessoas pensam em gelatina como produto de origem animal?“, “Cápsula mais usada em farmácias de manipulação é de origem animal“, “Brasileiros consomem gelatina de pele de porco há mais de 20 anos” e “Muitos sabonetes são baseados em sebo de animais“.

Jornalista (MTB: 10612/PR) e mestre em Estudos Culturais (UFMS).

Uma resposta

  1. As marcas que se utilizam de exploração animal devem ser amplamente divulgadas. Só assim o consumidor têm direito a escolha e à reflexão sobre a normalização da violência no capitalismo desenfreado, que passa por cima de tudo e de todos.

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