Meio Ambiente

FMI: Criação intensiva de animais degrada recursos naturais

Foto: Andrew Skowron

O Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou este mês um artigo que defende que a humanidade, mais do que nunca, necessita de sistemas alimentares sustentáveis, apontando que a questão não pode ser mais negligenciada considerando o impacto da pandemia de covid-19.

Além de essenciais para a manutenção das atividades econômicas, sistemas sustentáveis são imprescindíveis para compensar a incapacidade do atual sistema alimentar de suprir as necessidades da população mundial.

“A reconstrução das economias após a crise da covid-19 oferece uma oportunidade única de transformar o sistema alimentar global e torná-lo resistente a futuros choques, garantindo nutrição ambientalmente sustentável e saudável para todos”, informa a publicação assinada por representantes do FMI e da Organização das Nações Unidas (ONU).

Os autores ressaltam que a criação intensiva de animais para consumo e a utilização de aditivos químicos nos sistemas de monocultura estão degradando com celeridade os recursos naturais, e isso vem dificultando e esgotando as possibilidades de recuperação.

Impacto da criação de animais para consumo

Além disso, são responsáveis por pelo menos um quarto das emissões de gases do efeito estufa na atmosfera. Somente a criação de gado para produção de carne responde pela metade das emissões, conforme o artigo “Why Sustainable Food Systems are Needed in a post-COVID World”.

Com base em dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o texto reforça, assim como inúmeros outros trabalhos de pesquisa sobre o tema, que a criação de animais em confinamento, o que por padrão na agropecuária significa sempre pequenos espaços, favorece o surgimento de doenças letais e promove a resistência antimicrobiana.

Ou seja, a resistência a antibióticos em consequência do uso excessivo de medicamentos para acelerar o crescimento de animais que serão abatidos para consumo, assim como prevenir infecções que podem surgir como resultado das difíceis condições de vida às quais esses animais são submetidos.

Clique aqui para entender como o consumo de carne favorece pandemias ou clique aqui para saber mais sobre o impacto da resistência antimicrobiana.

David Arioch S.A. Barcelos

Jornalista (MTB: 10612/PR) e mestre em Estudos Culturais (UFMS).

Posts Recentes

O corpo bovino na água foi visto como carne perdida

O corpo bovino na água foi visto como carne perdida, não uma morte a ser…

2 dias ago

Quando uma criança viu o sofrimento de um peixe

Uma criança viu pela primeira vez um peixe sendo tirado da água. Lutava com o…

3 dias ago

O animal não cabe dentro do interesse humano

Ver o interesse dos animais não significa querer ou fazer com que esse interesse prevaleça,…

4 dias ago

Se quem mata animais profissionalmente é cruel, devemos nos perguntar, é cruel em nome de quem?

Há muito tempo quem mata animais no matadouro é associado à crueldade. Encontramos exemplos em…

5 dias ago

A morte é uma libertação para o animal explorado?

Esta semana, quando um boi teve morte súbita a caminho de um matadouro no Paraná,…

7 dias ago

No século 19, Comte observou que humanos estavam tratando outros animais como “laboratórios nutritivos”

Em “A lição de sabedoria das vacas loucas”, Lévi-Strauss cita como Auguste Comte, mais conhecido…

1 semana ago