Ser vegano é o suficiente?

Pintura: Hartmut Kiewert

Uma pessoa ser vegana não quer dizer que ela tem obrigação de motivar outras pessoas a serem. Mas não podemos esperar uma grande mudança sem motivar outras pessoas a considerarem a importância dessa mudança. Claro, a não ser que achemos que está tudo bem que a adoção de um viver em oposição à exploração e uso de animais continue sendo praticado por uma minoria.

Se tantos humanos não consideram o que existe de errado na especista relação com outros animais ou em mudar hábitos de consumo, isso ocorre também pela normalização da crença de que nunca existiu nada de errado, e não havendo não há uma percepção da necessidade da mudança de hábitos.

Isso evidencia o quanto é importante encontrar meios de estimulá-las, de aproximá-las de uma ponderação. Ou seja, usar meios, espaços ou momentos propícios para convidar a uma reflexão. Muitas pessoas podem ouvir o que veganos têm a dizer dependendo de como isso é feito.

Os resultados são mais favoráveis quando não tratamos quem queremos que reflita a respeito como inimigo, porque se evocamos uma indisposição, criamos a barreira de “nós” e “eles”, o que resulta em um distanciamento, mesmo quando o objetivo é o oposto.

É importante também olhar para os outros sem ignorar que se estamos diante de pessoas que não são veganas, falar como se estivéssemos falando com veganos pode não ter um impacto satisfatório, o que exige uma perspectiva em que posso evocar como eu reagiria ou pensaria diante do que é dito se eu não fosse vegano.

Também não é novidade que não existe uma fórmula que funciona para todos, já que, falando de humanos, o que pode motivar e sensibilizar alguns pode não ter o mesmo impacto sobre outros, mesmo quando isso é feito de forma amistosa.

Enfim, se o objetivo do veganismo é a libertação animal, por que não estimular outras pessoas a adotarem mudanças que sejam favoráveis ao não uso de animais? Há diversos meios de aproximar as pessoas do veganismo e ninguém precisa fazer a mesma coisa que outras pessoas fazem. Afinal, cada um pode buscar sua própria forma de expressão.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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