Apetite pelos animais não deve sobrepor-se à compaixão

Arte: Harmut Kiewert

Quem diz que veganos não têm bons argumentos que justifiquem a abstenção do consumo de animais normalmente coloca o paladar acima do interesse não humano de não ser explorado, subjugado e morto. Mas quem pensa assim não dirá que apenas não se importa tanto com o fato de que alguém há de morrer para que um prazer fortuito seja saciado.

Então, para parecer justo, usa-se justificativas obtusas, inconsistentes ou insinceras, pretextos que visam velar anseios puramente sensoriais. A compaixão é um sentimento superior a qualquer estímulo associado ao paladar. Não é à toa que seu significado a partir de sua origem em latim é “sentimento comum” ou “união de sentimentos”.

Sem dúvida, a compaixão é um dos sentimentos mais nobres da humanidade, enquanto que a gustação, um sentido condicionável, não deve existir com a finalidade de fazer do ser humano um refém, revelando suas fraquezas. Muito pelo contrário, é algo que o ser humano pode e deve aprender a disciplinar. Afinal, o apetite pelos animais não deve sobrepor-se à compaixão.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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