Mundo produzirá 120 milhões de toneladas de lixo eletrônico por ano até 2050

Criança se expondo a químicos cancerígenos na busca por algum material de valor em lixo eletrônico (Foto: Tash Morgan)

O nível de produção de lixo eletrônico global deverá alcançar 120 milhões de toneladas ao ano em 2050 se as tendências atuais permanecerem, de acordo com recente relatório da Plataforma para Aceleração da Economia Circular (PACE) e da Coalizão das Nações Unidas sobre Lixo Eletrônico.

O relatório revela o valor anual de lixo eletrônico global como superior a 62,5 bilhões de dólares, mais que o PIB de muitos países. Mais de 44 milhões de toneladas de lixo eletrônico e elétrico foram produzidas globalmente em 2017 – equivalente a mais de 6 quilos para cada habitante do planeta. Isto é o equivalente ao peso de todos os aviões comerciais já produzidos.

Menos de 20% do lixo eletrônico é formalmente reciclado, com os 80% restantes indo para aterros ou sendo informalmente reciclados – em grande parte manualmente em países em desenvolvimento, expondo trabalhadores a substâncias perigosas e cancerígenas como mercúrio, chumbo e cádmio. A presença de lixo eletrônico em aterros contamina o solo e os lençóis freáticos, colocando em risco sistemas de fornecimento de alimentos e recursos hídricos.

De acordo com o relatório, além de impactos à saúde e poluição, gestão imprópria de lixo eletrônico está resultando em uma perda significativa de materiais brutos escassos e valiosos, como ouro, platina, cobalto e elementos terrestres raros.

No relatório, membros da PACE, da ONU, do Fórum Econômico Mundial e do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável pedem uma inspeção do sistema atual de eletrônicos, enfatizando a necessidade de uma economia circular na qual recursos não sejam extraídos, usados e descartados, mas avaliados e reutilizados de maneira que minimize impactos ambientais e crie empregos.

Soluções incluem design de produtos duráveis, sistemas de compra e retorno de eletrônicos usados, “mineração urbana” para extrair metais e minérios de lixo eletrônico e a “desmaterialização” de eletrônicos ao substituir propriedade direta de aparelhos por modelos de empréstimo e aluguel para maximizar reutilização de produtos e oportunidades de reciclagem.

Recentemente, o governo da Nigéria, o Fundo Mundial para o Ambiente e a ONU Meio Ambiente anunciaram investimento de dois milhões de dólares para dar início a uma indústria formal e segura de reciclagem de lixo eletrônico na Nigéria.

Segundo a ONU, o investimento deve alavancar mais de 13 milhões de dólares em financiamentos adicionais do setor privado. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), até 100 mil pessoas trabalham no setor informal de lixo eletrônico na Nigéria.

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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