250 mil touros são mortos em touradas por ano

Tauromaquia, entretenimento para a plateia, “arte” para o toureiro e terror para o animal (Acervo: El País)

Considerada uma tradição na Espanha, em Portugal, no sul da França e em diversos países da América Latina, as touradas resultam na morte de 250 mil touros por ano, de acordo com informações da Humane Society International.

Na tauromaquia, entretenimento para a plateia, “arte” para o toureiro e terror para o animal, a vítima recebe inúmeros golpes de arpão antes de amargar uma morte lenta e dolorosa diante de uma plateia que inclui crianças. Naturalmente, aqueles que são mais compassivos e que racionalizam as consequências para o touro, podem se perguntar: “O que ensinamos quando endossamos ou aplaudimos a morte de um animal colocado em uma arena contra a sua própria vontade?”

Em nenhuma tourada o animal demonstra qualquer tipo de satisfação ou prazer em estar diante de uma plateia, por vezes barulhenta, e de uma pessoa que, usando um traje que mascara a brutalidade da realidade, qualifica como arte o ato de provocar um animal para que ele reaja, e assim possa dizer que o “venceu” ou o matou porque foi “melhor que o seu adversário”.

Não creio que o animal tenha o ardil de observar o ser humano como adversário ou rival. Essa racionalização é essencialmente humana. Ao animal, o interesse é apenas de se livrar da situação. É por isso que contra-ataca. A ele, a disputa é inexistente. Se demonstra fúria, acredito que não seja na realidade pelo homem por ser homem, mas pelo que o homem provoca e representa movido pela embófia, presunção.

Na tourada é muito comum o touro não reagir quando não há investidas do toureiro, e isto porque o touro não está na arena por opção, mas somente imposição. Os humanos, seja na arena ou na plateia, que são seus algozes, seja por um viés dissimulado ou não.

Como escreveu Dostoiévski em “Os Irmãos Karamázov”: “Homem, não se orgulhe de sua superioridade em relação aos animais. Eles não possuem pecados, enquanto você mancha a terra com tua grandeza, com tua aparição, deixando após ti um rasto de podridão.”

Jornalista e especialista em jornalismo cultural, histórico e literário (MTB: 10612/PR)

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